segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Disponibilidade - ouro da nossa geração

 Disponibilidade é uma palavra que hoje custa caro.

O tempo das pessoas margeia, junto ao seu conhecimento, o quanto vale, quanto pode ser destinado e a quem. Eu trabalho com o tempo ao meu lado, orquestrando atividades numa rotina que nunca tem por sua natureza as repetições. Quando se trabalha com o público e com a prestação de serviços específicos que dependem do conhecimento aplicado em um específico tema, somos abordados sempre que um problema existe, quando a ajuda é necessária e isso, claro, torna cada chamado, necessariamente urgente e inadiável.

Hoje quero falar sobre amigos que a vida me presenteou, esses que dividem comigo diversos assuntos que concordamos, hobby's que nos identificamos e, claro, demandas em que estamos partilhando a relação cliente x fornecedor no reparo de carros e motos.

Dizem que todo proprietário de um veículo antigo tem que ter um amigo mecânico, e eu tenho vários... além disso, gosto muito do assunto. Herança de quase metade da minha família que empreendeu nessa área, criando seus filhos e tornando-se profissionais no assunto. Eu, segui por outros caminhos do conhecimento como profissional, mas jamais perdi o gosto pelas ferramentas, a curiosidade sobre o funcionamento de cada componente dos veículos. Mais um assunto que nos aproxima e a amizade assim, vai se formando a partir daquilo que nos identifica com outras pessoas.

E tendo considerado as conexões que existem em relação aos nossos amigos profissionais do ramo, tenho muitos sim, os respeito e tenho muita admiração pela sua atividade e conhecimento para diagnosticar e solucionar os problemas de nossas máquinas antigas. Mas vamos contextualizar, pois não basta apenas conhecimento e sermos amigos próximos, existe muito mais sobre a disponibilidade, sobre o senso de urgência e a compreensão sobre o momento em que seu cliente está passando para apoiar naquele momento e naquele formato que é necessário e por vezes, nem mesmo se trata de uma opção, mas sim, por necessidade, porque a vida nos espreme o tempo, nos corrói a possibilidade de escolher quando desejamos parar um veículo para manutenção. Daí verificamos o diferencial de profissionais que compreendem a necessidade e priorizam o atendimento daquele que precisa do seu veículo em certo tempo.

Por fim, falar sobre essa categoria, falar sobre nossos amigos mecânicos, é tão simples quanto difícil, pois não são raras as oportunidades e que nos vemos satisfeitos com nossas motocicletas e carros, funcionando, recuperados de suas falhas e "doenças".

Valorize o trabalho do mecânico, tal como o médico, são acionados ante um problema, em raras circunstâncias, para uma avaliação de saúde, na sua esmagadora maioria, são visitados quando algo dói, não funciona bem ou por algum sintoma observado por usuários comuns como ruídos estranhos ou um funcionamento aquém do esperado. Eles são humanos, têm suas famílias e suas histórias, têm seus problemas e lutam diariamente para garantir uma vida digna para si e para os seus.

Abstrato.

Acesse o vídeo completo no youtube: https://youtu.be/a90tIJlVYwo

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Valor e Propósito sobre o que te representa

Já se passaram alguns dias - que mais pareceram meses por conta da minha ansiedade - que eu encomendei uma camisa para o Daniel Albeny, frontman do canal Moto Diário.

E aqui estão elas, vou aproveitar pra mostrar a vocês o que chegou, contar como chegou e sobre todo o carinho que a Gissa e o Daniel colocam naquilo que empreendem com o desejo de fazer o correto e com um propósito muito maior do que o simples livre comércio - e aqui começamos a ver valor, além do que tradicionalmente vemos como uma relação de oferta e procura. 

Este não é um vídeo de propaganda, mas sim, um testemunho sobre o que pensamos quando adquirimos algo, sobre o valor que percebemos naquilo que representamos e, claro, o preço que pagamos e sua finalidade, afinal de contas, comprar o mais barato, espremendo o seu fornecedor ao limite do impossível, acaba por oprimir, matar aquele que está lhe promovendo a oportunidade de adquirir algo - e tem gente que se orgulha disso.

A minha iniciativa por apoiar o Daniel surgiu ainda em meio a pandemia, e, apesar de não desejar tornar isso um monólogo, não há como não contextualizarmos o fato que nosso amigo iniciou um canal a partir do simples desejo de comunicar, dividir seu conhecimento, sua opinião (sempre áspera e sincera) sobre todos os pontos que tangem o motociclismo, a cultura e o mercado mundial de motocicletas. Dali por diante, jamais nos distanciamos e eu promovi sempre o seu canal e sua iniciativa como forma de retribuição ao serviço que nos prestava (enquanto motociclistas) de informação livre de patrocínios, livre de tendencialismo capital ou influenciadores cadastrados na lista de investimentos de marketing de um fabricante.

Pois bem, aqui estão as minhas encomendas, embaladas com carinho, transferidas com agilidade e, com um capricho digno de quem faz algo com seu coração. Dobradas com cuidado, confeccionadas com qualidade, impressas com perfeição. Mas isso é apenas a ponta do iceberg. 

Afinal de contas, porque compramos uma MARCA que expomos nos mais diversos cenários da nossa rotina? 

     -A não ser quando usamos por obrigação um uniforme, escolhemos usar um brasão porque ele nos representa de alguma forma e transmite uma mensagem ao mundo que nos cerca. Assim os coletes dos motociclistas que trazem informação sobre o motoclube, patches de locais, países e viagens que foram importantes na sua história e por tal, lhe trazem orgulho. 

Quando penso que vou usar uma camiseta de um movimento custom que foi criado e consolidado pelo Dr. Daniel, é pra mim um orgulho e uma oportunidade dizer a todos os amigos que, eu acredito e acompanho o nosso representante, na sua caminhada que tem como objetivo, espalhar o conhecimento, divulgar informações livres do tendenciosismo, modismo e tudo que limita o acesso a verdade. 

Vemos na web muita arrogância intelectual que direciona o conhecimento, a falta de humildade em buscar cientificamente informações reais e confiáveis para divulgar, buscado quanto mais o ibope ao conceito da informação real, subestimando a inteligência e a capacidade crítica do motociclista.

Ao passo que deixamos a polêmica de lado, retorno ao foco dizendo que sou orgulhoso pela oportunidade de hoje, escolher para minha vida, apenas os produtos que eu acredito, confio e que me representam. Eu promovo quem merece, quem faz por mim.

Por fim, peço que apoiem iniciativas como essa do Dr. Daniel, busquem por produtos que tenha orgulho em representar, apoie o fator local e tudo que pode fazer por nós, orgulhosos por construir algo, evitando o apoio ao trabalho escravo e ao comércio canibalizador de quem não coloca o seu coração no que faz.


Abstrato. 


Link do Vídeo completo no youtube: https://youtu.be/wq6DtzZG-uA

sábado, 30 de agosto de 2025

Limpando a Mente

Limpando a Mente

Conjectura

O alcance do nosso olhar

 E aqui estou eu, me preparando para encarar a sujeira, municiando-me para, de certa forma, traduzir no que espero da minha expressão em relação ao universo, espelhar um desejo íntimo de tornar-me capaz de limpar o que estiver sujo e, claro, ao meu alcance.

Quando nos deparamos com o inesperado prazer que a vida nos dá, relacionado ao que consideramos necessário, útil ou consequência de escolhas, esforços e uma sorte tremenda, vemos que somos apenas um acumulado de resultados, como escreveu José Ortega Y Gasset: "Eu sou eu e minhas circunstâncias." e cai tão bem essa pequena frase que nos catapulta para um novo cenário, isento de sorte, azar ou qualquer outro subterfúgio utilizado para eliminar a competência, a criatividade e o esforço daquele que lutou por suas conquistas.

Das nossas criações

Aqui estamos, buscando compreensão para entendermos o que nos liga a outros seres humanos, hoje, eu me vejo às voltas com a pequena Liz, a minha princesa que me acompanha, seja lá o que eu esteja fazendo, porque? Pode ser por simplesmente ela ter essa referência para buscar conhecimento, por conhecer-me desde que houvera aberto seus olhos pela primeira vez. Fato é, que estamos rodeados de pessoas que escolhemos, ou que nos escolheram e, mesmo não estando no enquadramento desta imagem que eu começo a montar para os leitores e apresentar aos expectadores, está minha esposa. Realmente, a única pessoa na minha vida que me escolheu. Além disso, existem coisas que vão ficando com a nossa cara e nosso jeito, que adquirem as características personalizadas que acabam por presumir a nossa chegada, como a moto que customizamos, os carros que customizamos e, mesmo, os cortes de cabelo que escolhemos. Tantas circunstâncias que nos trazem para o social que entendo sermos mais parte de um grande organismo social do que necessariamente humanos independentes e isolados do contexto em que estamos inseridos.

A configuração resultado da crítica

Aqui estamos, buscando atingir o grau mais alto que a sociedade nos exige para que não sejamos criticados, julgados, condenados e presos. Sim! A sociedade que nos rodeia nos faz crescer, evoluir e até mesmo morrer... creio que seja simples compreender que os indivíduos não creem e nem mesmo apoiam as tradições, fazendo assim com que cada vez mais sejam sim, críticos ao legado que recebem, sobre a história que leem e tudo aquilo que houvera sido descrito como parte dos acontecimentos responsáveis até mesmo por sua própria existência.

O questionamento é um princípio filosófico e, ele, responsável por nos libertar das crenças que aprisionaram personagens e gerações na nossa história. Esse mesmo questionamento,capaz de derrubar muros e desvelar histórias que hoje a ciência já explica com clareza indubitável. A Razão e a cognição que se aplica na esfera pública, faz avaliar as relações do homem com a natureza, buscar informação científica para esclarecer a sua própria origem, a sua existência e explicar as reações que suas ações têm causado ao universo que conhecemos.

Toda essa crítica científica e racional liberta o ser humano e traz consenso onde habita a realidade e a visão clara do ser humano no reflexo da própria imagem que ele deixa no livro histórico da história da civilização. Esse mesmo exercício racional resulta na clara mudança de como vemos deuses, de como aceitamos o intangível em nossas vidas, fazendo com que representantes das mais diversas crenças, busquem com muito ardor, manterem-se ativos, fazendo sentido na vida das pessoas, considerando o grau de conhecimento, influência e dependência de cada alma naquilo que decide por acreditar. Mas o assunto aqui é científico e meu interesse é mesmo ver a minha motocicleta limpa, porém, os assuntos vêm à mente e eu não os poderia ignorar sem dar vazão ao fato inédito de que, estamos sim, vivendo uma inflexão do tempo, buscando maior humanidade, maior interatividade e numa queda de braço com a artificialidade dos relacionamentos que refletem hoje, na solidão do ser humano ante o toque e o contato com o seu semelhante.

O que fortalece a sociedade, vai sempre ser inversamente proporcional a tudo que se traduz em tecnologia, ciência e realidade, pois a espiritualidade, está muito mais avançada, como sempre esteve, do que qualquer atividade matemática que o ser humano possa criar, baseado em data lakes de informação compilada para encontrar a resposta para suas dúvidas mais sigilosas.

Paralelos mentais

Simplicidade

Jaques Derrida é especialmente sintético e certeiro quando diz: "Nunca cedo à tentação de ser difícil só para ser difícil."  Depois de um silêncio constrangedor, eu me obrigo a afirmar: difícil é para nós, todo aquele que já adquiriu mais conhecimento do que nós. Difícil, é aquele solo que não nos empenhamos de igual forma para realizar com a técnica adquirida por quem por ele, dedicou mais tempo, esforço e estudo. Pois bem, que ótimo saber e poder lembrar a todos que nada é irreversível ou imutável na sua essência, que qualquer circunstância pode ser alterada a partir dos verbos, sujeitos e advérbios que utilizamos. Na obra de Derrida, existe extensa procura pelo explicar de que não existe nada fora do contexto, existe sim, as posições distintas  sobre a maneira como cada indivíduo lê o texto. Eu mesmo, em dado momento da minha juventude, li Platão com uma interpretação, porém, a vida, as circunstâncias, o amadurecimento do ser humano como chamamos todo aquele que caleja suas perdas, coleciona pequenas vitórias e orgulha-se por pequenos parágrafos do livro de seus dias, já faz mudar a interpretação de cada cena, de cada ensaio.

Ocorre que, não precisamos ser difíceis, não devemos olhar para o mundo como um desafio cansativo, perigoso, impossível ou desafiador. Somos suficientemente aptos, escolhidos entre milhares de milhares para estarmos hospedando essa fase da história do universo, só isso, motivo de agradecimento e profundo reconhecimento! Pois bem, vencidas as pestes que devastaram nações, guerras, pandemias, amores quebrados, desilusões sociais e políticas... estamos aqui, quiçá lendo esse texto que se estende por mais de uma página. 

E porque insistimos em derramar lágrimas sobre perdas, porque insistimos em encontrar algo de errado que podemos nos sacrificar e julgarmo-nos não aptos, se, por conjectura, somos escolhidos. Ok, concordo, a sociedade nos moldou de acordo com as suas necessidades e a preparação para o trabalho que recebemos no segundo grau (que hoje nem mesmo existe mais), nos preparava apenas para sermos conscientes do derrotismo por não estarmos sendo parte do coletivo preparado para concursos e vagas mínimas que selecionariam os brilhantes representantes da nossa geração.

Intimidades...

E lá vamos nós, buscar em nosso íntimo o que consideramos que recebemos como dom, como um presente divino que nos foi concedido para que sejamos em algo, especiais. Pois bem, desculpe estourar mais esse balão na sua conjectura ou na crença popular, mas eu concordo com Richard Rorty: "Não há nada em nosso íntimo, exceto o que nós mesmos colocamos lá." e então pense bem... pense por um instante... você é um exímio músico... nasceu tocando? Olhou para um instrumento e o compreendeu de forma a, no mesmo instante tomá-lo em suas mãos e dali criar ou reproduzir algo em sua perfeição... creio que não... e isso posso aplicar a muitos outros modelos, tal como o fato de eu estar neste momento falando a você o que houvera escrito em algum momento: antes de escrever, aprendi como ligar as letras e o que elas representam, depois li, li muito... o suficiente para que a confecção de uma frase tivesse o necessário embasamento para que eu não me sentisse envergonhado pelo seu resultado... E assim, Rorty me abraça com a força da razão quando diz que não temos nada no nosso íntimo que não tenhamos nós mesmos, colocado lá. E por que isso é tão límpido e claro? Porque aquele que nunca amou, não tem no seu íntimo, a clareza sobre este sentimento por mais que o tenha estudado na teoria, nosso íntimo é a contextualização de nossas experiências, é o simples resultado daquilo que buscamos e tivemos contato.

Na intimidade, olhamos para um banco de uma praça, aquele banco tradicional, com barras metálicas normalmente desbotadas, de uma pintura branca que houvera recebido anos atrás... a informação que esse banco traz para o nosso íntimo é um resultado matemático, comparativo relacionado ao histórico da nossa memória sobre esses móveis, somado a condição em que nosso corpo encontra-se e a necessidade que sente por este objeto como meio para saciar a demanda pelo descanso, ou, ao contrário, àquele que houvera levantado-se recentemente de um sofá estofado, do banco do seu carro, terá no seu íntimo, apenas uma resposta negativa quanto a sua importância naquele contexto em que se encontra.

Inspiração para inspirar

É recorrente a sugestão dos amigos em relação a impulsionar-me a escrever constante e diariamente, e, não acho isso ruim, pois se temos algo a dizer, é um grande egoísmo, escondermos o nosso pensamento e o que temos a contribuir, seja para qualquer pessoa, o que sabemos ou da forma como interpretamos.

Nosso pensamento é movido por um combustível bastante personalizado em relação ao que o mundo concebe como adequado: a oposição! Sim, pensamos em contra-ponto, pois pensar para concordar com o que é argumentado pelo outro, é enfadonho, torna-se desinteressante e perde a nossa atenção. O nosso pensamento sempre será opositor ou, ao menos, complementar, melhorando, no sentido em que percebemos, o que já consta como nossa realidade. E assim evoluímos no detalhamento de uma motocicleta, assim evoluímos na maneira como pensamos nossa rotina e tudo aquilo que compomos na realidade da humanidade enquanto proeminente de um contexto social eclético. 

Se pudermos inspirar alguém a fazer algo, que sejamos portanto, superados, que sejamos, algozes dos ínfimos que descrevem superficialmente, a vida como um filme social sem enredo, sem uma trama e um ponto a destacar de forma a sermos coexistentes mesmo que, em times opostos.

As escolhas são as respostas para nossas perguntas

Não vou falar o óbvio, mas relembrar que, nos interessamos por aquilo que nos falta ou nos causa maior interesse ou necessidade, por tal forma e formato, os algoritmos das redes sociais "acertam em cheio" quando lhe recomendam os assuntos que mais te prendem à tela, mas, vem cá: não seria o momento de buscarmos algo novo? O empreendedor de sucesso não se utiliza da rotina e do que existe no consumismo normal de sua sociedade para alcançar o sucesso, ele cria algo novo, resolve um problema, atende uma demanda de um grupo de pessoas que nem mesmo realiza que sente falta disso e por tal forma, acaba por não perceber como lógico foi o pensamento daquele que atendeu suas expectativas. 

Considerando o indivíduo como sujeito e aportando à ele, toda a consciência sobre o que ele representa no meio em que encontra-se fica mais claro, mais simples e mais prático, considerar que, temos na nossa comunidade, tudo aqui que nós mesmos quisemos em algum momento de nossas vidas e, retornando ao contexto que objetivou esse texto, nada menos podemos mensurar do que, simplesmente, que, estamos vivendo a realidade que no passado foi o incerto futuro que habitava os nossos sonhos, com a interveniência daqueles que compuseram a nossa realidade ao ponto em que nos tornamos realidade, juntamente com as linhas que escrevemos nos desejos do passado.

Eu vejo o mundo ruir em guerras e disputas, como sempre ocorreu em todos os períodos da história, vejo as falhas humanas veladas por uma cultura que aceita certos comentários como válidos por simples justificativa de sua própria e completa incompetência. Eu vejo  mundo de forma simples, amparados pelo olhar atento daquela que me vê como o seu guia, seu primeiro professor na escola da vida... eu vejo que sou o eco de tudo aquilo que durante toda a minha vida, eu gritei para o futuro.

Abstrato.


Link do vídeo no youtube: https://youtu.be/6imR5V2sOL8

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Fantasma

Sou um fantasma naquilo que vivi e por onde eu passei. 

No ônibus, nada rua e naquele bar. Aquele que ainda está lá não é quem sou, sou um fantasma que habita as pegadas que eu deixei nos bancos que ocupei nos ônibus que andei, mas praças que habitei.

Sou um fantasma da memória dos aplausos que eu ouvi, sou apenas lembrança, uma sombra tênue que distorce a realidade com uma silhueta carcomida pessoas reais. Hoje o fantasma que não assusta, assiste com a tranquilidade de um pescador, aguardando a morte daqueles que pensam estar vivos.
Aprecio o viver comum e corriqueiro do dia-a-dia cego daqueles que ainda acreditam no trabalho dignificador e que a vitória está arraigada às conquistas tangíveis, monetárias que preenchem o vazio de suas almas pobres.
Sou aquele fantasma que assusta, apenas, àqueles que acreditam ainda, na vitória numa vida terrena, fria, pobre e miserável de sentimentos reais como a amizade da noite com a Lua.

Aquele fantasma que lembra você do tempo que perdeu procurando impressionar, o fantasma que deixou tomar forma em razão do teu próprio rosto para que não parecesse frágil, fosse intransponível e invisível aos olhos de qualquer sentimento de piedade.

Sou fantasma para aqueles que o mundo pudera ser um dia real, sou fantasma porque minha crença está distante do material e isso nos difere de aspecto, forma, cor e sentimento.

Sou eu o fantasma?


Abstrato.

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Sobre os filhos

Khalil Gibran, O Profeta

Sobre os filhos

Filhos, alcanço este capítulo em perfeito momento, quando eu e minha amada estamos testemunhando a geração da Liz, nossa filha. A temperamental menina que já chuta e cabeceia! Ainda a conhecemos apenas em preto e branco, mas, o que abaixo concluo baseado nos livros que estou lendo, somado ao que resume Khalil Gibran, corrobora que estamos teorizando correta e justamente aquilo que todos os pais de meninos e meninas deveriam pensar e aplicar na educação, no acompanhamento do crescimento e evolução de seus filhos. 

Desavisados pais de primeira viagem podem criar suas epopeias de como será a rotina e a educação aplicada ao seu filho, acho normal que imaginemos que, quando algo novo é anunciado, as expectativas fazem-nos criar modelos de como será cada minuto do seu nascimento, passando pela primeira infância, adolescência, etc... mas Gibran nos traz de volta à realidade com a síntese de apenas uma página onde coloca o que aqui, comentarei, seguindo o propósito desta sequência de textos.


"Seus filhos não são seus filhos."

Extravagante introdução para espanto no imprevisto argumento que impacta o início da expressão da lúdica definição que, torna a fazer sentido com o sequenciar dos argumentos que se seguirão nas linhas deste capítulo que quanto menos iniciamos.

Aos pais, usarei o termos pessoais de posse para que nos percebemos mais próximos de nossa realidade, ao invés de utilizar-me da terceira pessoa como se aos conselhos, seguisse nesta defesa pela análise do que trata o tema primário: nossos filhos. Àqueles que ainda não detém o adjetivo, utilizem esta análise para voltar os olhos para sua criação, para seus pais, na condição de filhos e, quiçá, possam visualizar e até mesmo entender o porquê de certos vícios, modos, cultura e até mesmo, suas frustrações profissionais e pessoais. Não pretendo, sequer tenciono tornar esta análise um motivo ou instrumento de cura, mas, ao que servir para esclarecer, estarei extrapolando minha humilde expectativa de análise.

Nossos filhos são resultantes do estado de angústia da Vida que, através de nós, enquanto pais, realizamos, na concepção de um novo ser, independente ao que tange a fisiologia do respirar, daquele coração bater até o respirar de seus pulmões. Eleitos como breves responsáveis pela guarida, ao cuidar de sua saúde e acompanhar seu crescimento, soa mesmo impessoal, mas racionalmente lógico que um filho nasce por meio de nós e  não de nós como imaginamos e aprendemos com a sociedade que, descende da cultura da busca pela responsabilidade dos progenitores. Nós, enquanto filhos, reconhecemos nossos pais como mentores, como guia, como suporte e segurança, porém, seremos sempre seres individuais, em pensamento, em alma e defronte a vida.

O pais têm, por consequência, da responsabilidade social que lhes cabe ou por costume, chamar os filhos de seus, em uma referência de posse, identificando que são parte ou patrimônio de suas vidas, remetendo à costela de Adão na figura teatral bíblica. O seu filho vive junto de seus pais, mas é uma pessoa única, uma alma originalmente livre que herdará costumes do meio em que estiver inserido e jamais dependente fisiologicamente de seus pais, amigos e outras pessoas que o cercarem. Os filhos poderão receber amor de seus ancestrais, mas não terão seus pensamentos controlados e, aqui, começamos a corroborar que, aquele enunciado, começa a fazer sentido um tanto menos surpreendente e mais aprazível na sua interpretação. Terão seus próprios pensamentos e a sua forma única de compreensão sobre a vida e sua inclusão na sociedade.

Jamais tentemos enquanto pais, tornar seus filhos à espelho de vós, sendo possível apenas, aproximar-se de como são respeitando sempre a regra do caminhar lado a lado como almas que cultivam a companhia do caminhar pelas estradas da vida. 

Finalizo essa análise com a mesma figuração que exemplifica os pais sendo arco, tendo os filhos como flechas, uma linda passagem para lermos: "Vocês são arcos pelos quais seus filhos são lançados ao longe como flechas vivas. O arqueiro vê o alvo no infinito, e puxa com força cada flecha para que ligeira voe longe. Deixem-se na mão do Arqueiro por boa vontade; porque assim como Ele ama o voo da flecha, também ama o arco que é estável.

Ao passo que os pais entenderem-se como instrumentos indispensáveis na mecânica da vida, entenderão que ao conceberem a oportunidade da vida aos seus filhos, estão cumprindo com  uma lei da vida, que, independe da crença quanto ao "arqueiro" enquanto figura da energia vital que nos move no sentido da vida, terão realizado a vontade de cada célula vida que busca a vida como resultado primeiro do viver.


Abstrato.

Páginas do Blog