domingo, 28 de abril de 2019

Chuva e conhecimento

A inteligência não é responsabilidade da chuva
Abril/2019



Penso nos seres humanos, neste dia de chuvoso.
Na conclusiva felicidade daqueles que dissertam preleções magníficas de positividade, exaltando o chover com o sendo a fonte prima da redenção da seca, da salvação das lavouras e dos seres vivos que beneficiar-se-ão dessa tal chuva.

Quando busco o que se contabiliza para alcançarmos um broto e este conquistar a uberdade de alcançar as alturas de uma grande planta, me choca pensar que apenas a chuva toma por responsabilidade salvar todo cenário caótico de uma praia, à exemplo, onde não vemos, sequer, uma rasteira planta que consiga, apesar das abundantes - e por vezes inconvenientes - chuvas de nosso litoral gaúcho, conduzir pelo cordão da vida, a fecundidade suficiente para irromper qualquer semente de expectativa de evolução. E então? Por que aqui a chuva falhou? Talvez devamos nos voltar a características de solo, controle de pragas e outras variantes que vêm somar para que, como resultado esperado, alcancemos a tão comentada medra fecúndia dos campos que nos cercam.

Todo este preâmbulo de acolhimento ao tema, foi aqui dado por um simples motivo: ao que mal comparamos os ser humanos à natureza, hoje, temos restrições, pois vejo humanos tão plásticos e distantes do que é terreno que chego a duvidar se dormem ou prostram-se ao lado de um carregador veicular!

Procrastinando meu sarcasmo e a jocosidade, pensemos sobre as oportunidades, sobre as mentes e sobre nossas próprias crenças e limitações que impomos ao nosso eu, tais que nos mantém estáticos, inertes e incrédulos às oportunidades que nos alavancam o crescimento pessoal e profissional.

Somos dotados de inteligência, somos munidos desde nossa concepção primária do que chama de dom, a tal habilidade do compreender, da prudência que nos difere de animais de puro instinto, o tino que dá espírito e tenência para o compor de uma decisão baseada na razão. A razão... poderíamos aqui perder o foco para buscar esclarecimento sobre o que é hoje, razão. Frente a tantos desmandos e a necessidade prima do aparecer e sobressair-se ante aos demais por custo de qualquer valor (inclusive moral). Mas deixemos o tema em suspenso para que não endureçamos os golpes sem sequer chegarmos ao nosso fecundo e proeminente tema.

Vivi e um tempo onde o conhecimento tinha valor, tinha custo e respeito. Falo isso por recordar a imponência de um professor, a visão santimônia, o olhar místico do qual era devoto, do contato com os avós, com os antigos que profetizavam conhecimento e verdades, das mãos que produziam cura com o conhecimento da natureza, dos chás, das compressas e das benzedeiras que nos rodeavam com suas rezas e promessas que se convertiam em cura.
Tempos em que éramos assombrados pela responsabilidade, pela sombra da ignorância do não estudar, do não conhecer e não saber.

Hoje, analisando o passado que nos rodeou com a dificuldade de conseguir um livro na biblioteca para encontrar conhecimento, no formato de busca e aquisição do conhecimento a partir da leitura e ditado pela oportunidade de conquistar a chance de passar uma semana com um livro cheio de conhecimento em nosso domínio, talvez, tenha servido de influência para que não seja hoje, meu cérebro, um canteiro de areia salgada do mar.

Fiz um teste, antes de iniciar este parágrafo, digitei em um site de busca (de conteúdo) na internet, as seis primeiras letras da palavra fertilidade e.... foi o suficiente para que o conteúdo à mim fosse exibido de forma completa, com imagens, com explicação de conceito, exemplos e formas nas mais diversas aplicações do termo.

Essa facilidade do alcance do conhecimento, tornou o mesmo banal, desnecessário, já que, caso tu esteja sofrendo a penúria de desconhecer um termo, pode, rapidamente, com poucas letras desta, buscar todo o seu conteúdo. Dicionário: "Livro que apresenta as palavras e as expressões de uma língua ou os termos próprios de uma ciência ou arte, colocados em ordem alfabética seguidos de sua definição..." esse livro, acompanhou-me na minha primeira jornada em busca do conhecimento e da alfabetização. Uma leitura que por muito, fazíamos gratuitamente para conhecer mais palavras e avultar o naipe de palavras e conceitos sobre as coisas do mundo que, de outra forma, jamais aprenderíamos. Hoje, é simples, como fiz para buscar parte da descrição acima, acessei um site que acondiciona essa informação e a entrega de forma gratuita com o simples digitar da palavra.

Pois bem, se temos a facilidade em encontrar palavras, sentido e conhecimento, porque s seres humanos ainda perseguem a riqueza financeira, buscam prender-se a programas televisivos que repetem o seu formato e mesmo seu conteúdo consecutivamente, sem que dali, possam me trazer sequer uma palavra nova, um aprendizado que venha a agregar valor qualquer às suas vidas miseráveis de conhecimento e repletas de bens e cifras?

É neste momento em que o bode foi colocado sobre à mesa, com as patas sujas e uma forte constipação intestinal.

O mundo hoje está assoberbado de informação, a informação é entregue gratuitamente, a cada instante, mesmo em vídeo para aqueles já perderam -ou jamais tiveram- o hábito da leitura. Mas o ser humano é seletivo e preguiçoso por natureza e não admite aprender o que não lhe traz favor em valor do que pretende para sua vida, mantendo-se na ignorância de tudo que não compete o que lhe traz algum benefício. Assim, o mundo tornou-se técnico, especialista, com máquinas humanas que controlam pequenos apêndices de qualquer processo, porém, são completos ignorantes de qualquer outro tema que não seja sua especialidade, pela qual, são reconhecidos e honrados.

Me abstenho dessa dormência, alimentando meu cérebro de informações que, pela cognição, fazem com que tenhamos criação, evolução e novidade.



Àqueles que até aqui leram o enfadonho desencantamento do escritor, peço não adormecer sobre vossa ignorância, mantenham a eterna busca pelo conhecimento e pela evolução do ser humano, mantendo seus cérebros férteis para que, quando chover informação, possam vocês absorver dados que fertilizarão nas suas mentes brilhantes. Não sejam apenas areia de passagem e sim, terra firme que sustente as mais volumosas e viris florescências do conhecimento humano.


Abstrato.



Fontes: 

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