segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Vozes e lembranças

Vozes que nos guiam

Vozes que iluminam nossos caminhos


Pré-escola

Quando pequeno, ouvia as vozes da minha família que conversavam sobre assuntos que eu não compreendia e por tal, talvez, também não me preocupavam. Durante essa primeira fase da minha vida, creio que passei assim, tranquilo justamente porque ouvia as vozes dos meus pais e da minha avó, vozes que me remetiam a tranquilidade e a segurança de que eu precisava para que não tivesse qualquer preocupação com o resto do mundo à minha volta. Nenhuma outra voz no mundo era capaz de me abalar enquanto eu ouvia palavras tranquilas sendo ditas pelos meus pais.
Foi nesta fase que, ouvi o Rei Elvis Presley no rádio, colocava as camisas do meu pai com a gola erguida e o imitava empunhando a escova de cabelo da minha mãe. Uma voz que me remetia a coragem, a liberdade e uma sensação de poder que até hoje me toma quando ouço o grande ídolo.

Escola

Foi na escola que eu conheci muitas outras vozes e delas, aprendi a interpretar o tom e a forma da expressão humana para buscar a segurança que me levou para a aula todos os dias da minha vida. Lembro de certas vozes, entre femininas e masculinas, efêmeras e até mesmo vozes já silenciadas pela sina da vida e a morte.
Mas crescemos, e com a idade, vem a escola e as responsabilidades. O afastamento dos pais acontece necessariamente e mais uma vez nos vemos perdidos entre amigos e desconhecidos. Diversas vozes misturam-se na rotina de nossas responsabilidades e buscamos mais uma vez a segurança na voz de alguém. Foi nessa época nas esperas intermináveis por caronas desconhecidas para ir e vir para a faculdade que encontrei a voz que tantas influências teve na minha formação, na minha conduta e até mesmo nos meus estudos acadêmicos.
Entre idas e vindas, na minha sina pelo estudo superior, o trabalho paralelo e a busca pelo conhecimento, ouvi a voz que me acompanharia por tanto e tantos, inimagináveis anos da minha vida. 

Katia Suman

Veio de Salvador para influenciar minha rotina, minhas escolhas e abrir meus olhos para a vida. Sim, a radialista, escritora, atriz de teatro, produtora, socióloga e tudo mais que houvera influenciado o seu conhecimento e sua postura, tornou-a uma das pessoas que ouvia. O meu interesse por sociologia, psicologia e mesmo, a possibilidade de arriscar-me em escrever. Certamente influenciado por uma pessoa brilhante como esta, capaz de analisar, posicionar-se e determinar uma linha de raciocínio que proporcionou que eu, assim como tantos ouvintes da única rádio jovem com programação voltada para jovens como eu, pudessem interpretar a vida, os acontecimentos e ainda, provar o gosto de um pensamento evoluído e diferenciado. Transformação que fez com que o rádio evoluísse para não mais apenas radialistas à frente de um microfone, mas que repórteres, cientistas diversos e especialistas pudessem transmitir suas ideias para os ouvintes sem o intermédio de um simples leitor sem conhecimento de causa.
Katia trouxe notícias logo cedo no college radio, depois vinha nos acompanhar ao longo do dia na programação da rádio Ipanema, inovadora rádio do grupo Bandeirantes que foi, mais tarde a primeira rádio a converter-se em 100% para plataformas digitais no formato web rádio, abandonando a frequência de rádio.

Atualmente

Luto para continuar ouvindo as vozes que me acompanham pela vida, como a Karia Faria que faz do rádio, saudoso instrumento que me remete ao meu tempo, pode ser comparado ao jornal impresso que a Zero Hora ainda me entrega todos os sábados...
Agora nesta quinta-feira, ouvido no rádio para esse encontro da voz de Katia Suman, o rádio e a Karina Faria, que me farão, certamente, deixar cair um sorriso dos lábios que tanto propagaram a frase: "A Katia Suman é demais!"


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Dênis Caberlon.

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