quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Sobre o Casamento

 Khalil Gibran, O Profeta

Sobre o Casamento

Casamento, experiência mágica que completamos 1 mês. Apesar de estarmos juntos já contam 6 anos, o que prova ser uma linda cerimônia, emocionante e cheia de signos, chaves e provas de comprometimento e interligação de laços que se afirmam ainda mais quando os declaramos, temos o mesmo sentimento, o envolvimento que nos sugere esta união.

Apesar de nunca ter tido acesso ao conteúdo deste livro que meu propósito é o comentar, vejo no retrovisor da minha história que em muito assemelha-se ao que foi sugerido pelo nosso personagem, Almustafa. Pois bem, antes que este enunciado transforme-se em um monólogo que descreve a minha união, vamos mergulhar neste capítulo do libro de Khalil Gibran.

Mapa Mental

Inicialmente e de maneira muito astuta, após a sugestão de Almitra em solicitar que Almustafa falasse sobre o casamento, ele começa com a base, impondo uma condição que, pode mesmo variar de acordo com as crenças de cada filosofia religiosa particular, portanto, aqui, vou me deter a expor especificamente o que, a tradução para o nosso idioma nos sugere do conteúdo original desta obra, reservando-me o direito da isenção.

Depois dessa vacina anti mimimi's, vamos lá:
"Vocês nasceram juntos e juntos permanecerão para sempre." Depois desta frase, fica claro que o Profeta sugere que aquele ditado tradicional "eles foram feitos um para o outro" tem uma razão ideológica muito forte e arraigada nos conceitos do casamento cristão, onde, só existe uma única união perante o seu Deus, reforçando que do nascimento à morte, estas duas pessoas serão, de forma reiterada na frase pelo termo juntos, uma única oportunidade de contrair matrimônio. E segue reforçando o mesmo conceito em uma interpretação mais rebuscada do mesmo jargão muito conhecido entre nós: Até que a morte nos separe porém de forma mais alegórica, como todo o conteúdo deste livro nos sugere, vejam: "Estarão juntos quando as asas brancas da morte dispersar seus dias." e ainda: "Sim, deverão estar juntos até na lembrança silenciosa de Deus." e a defesa encerra: está muito claro nas frases do profeta a missão individual do ser humano em contrair matrimônio por uma única oportunidade e nesta, entregar o coração nas mãos do amor, promovendo uma sadia convivência e, para celebrar esta condição de união com o respeito, ele segue evoluindo sua alegoria para o conceito que considero o mais importante de todos quando tratamos ou sugerimos pensarmos em uma união que encontre dois seres humanos sob o mesmo teto.

"Mas permitam que haja espaço na união, e que os ventos celestiais dancem entre vocês." É impressionante a habilidade do autor em contemporizar o compromisso com o respeito pela distância, apesar de sucinto o capítulo, deixa muito claro que ambos precisam promover o direito ao silêncio... "Cantem e dancem juntos com alegria, mas deixem que cada um fique a sós, em sua própria companhia." Eu tenho certeza de que todos os casais que correrem os olhos sobre este texto, darão completa razão ao pregador em mais uma alegoria pronunciada com a categoria de um artista. Com exemplos lúdicos, demonstra que as cordas do alaúde vibram separadas mas em uníssono, promovendo a música, os pilares dos tempos apesar de separados, sustentam a mesma edificação. Sua maneira humilde e simplificada de expressar a necessidade de, em um casamento, ambos manterem suas vidas separadas, unidos pelo amor, suportando juntos as dificuldades da rotina, respeitando o sagrado silêncio e a distância que mantém o movimento do mar entre as fronteiras da alma, lindo isso, superlativo ao limite do tamanho e a importância de uma união entre duas pessoas.

Não posso encerrar essa leitura sem contemplar a noção específica declarada no que toca a partilha e o respeito entre as partes onde sugere: "Encham a taça um do outro, mas não bebam de uma só taça." e ainda: "Deem um ao outro o pão, mas não comam da mesma fatia." Se por menos posso comentar sobre, do trabalho ao lazer, nada deve superar os limites do outro, assim como o sadio distanciamento, do silêncio e do respeito ao não pertencimento da alma, em razão da entrega do coração e de coração, ainda preserva o senso do pertencimento de cada um onde ambos devem produzir para colher, devem somar para dividir de forma equivalente. É apenas uma página em ambos os lados, mas que nos leva distantes e profundamente, numa avaliação do seu conteúdo e suas mensagens.

Por fim, sobre o casamento, se trata sim de um ponto de vista, num momento muito anterior aos dias atuais e ao desgaste da cultura, da formalização e das raízes que enfraqueceram sobre um respeito ao movimento social que foi criado e disseminado no passado para nossos avós, bisavós... mas ainda considero haver espaço para a leitura crítica e não alienante, espaço para o saber que enriquece o homem. Ainda considero haver espaço para o casamento e para a condição do ser humano de ser... humano.


Abstrato.

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