Khalil Gibran, O Profeta
Sobre o Amor
Amor para poucos e para o mundo inteiro, como chuva que aceitamos quando erguemos os braços, com um sorriso franco nos lábios e permitimos fazer parte da paisagem que é ungida pelo delicioso momento de renovação. O amor por escolha, em sendo escolhido, proporciona a mudança do ser humano no seu mergulho para fora de si mesmo.
Neste capítulo, o protagonista é solicitado por Almitra a falar sobre o amor.
Pois bem: vamos ao mergulho em um dos sentimentos mais pungentes, influenciador de muitas decisões de rumos importantes na história da humanidade, assim como guerras e pacificações. O grande e intangível amor.
O amor pode ser comparado e ornado nas mais diversas alegorias para que possa servir de exemplo simplificado para os seres humanos. O Amor, por si, um sentimento que nos captura silenciosamente, deixando vago o espírito pois rouba na sua essência, aquilo que de mais perverso temos, tornando cada ação, um reflexo do resultado que poderíamos esperar do outro. Fazemos por entender com empatia, o sentimento do outro.
O Amor que deixamos na cama a cada amanhecer, perdendo o coração para o reencontrar no café da manhã, fazendo valer o momento mais intenso que temos conosco, deixando despir nossas vestes de egoísmo para então transformarmo-nos em um novo ser, não mais individual. Quando aceitamos o aceno do amor em sua completude, vemos além do nosso propósito único de sobreviver, aceitamos que vamos ter alegrias e tristezas, aceitamos nos acolhes nas asas da sua proteção e sermos feridos pela espada que esconde entre suas brumas (passagem linda da alegoria descrita pelo autor).
Do amor que vemos em cada profissão, em cada atividade que reconhecemos ser realizada com afinco onde o ganho não é importante e por diversas vezes, desproporcional ao que propõe o trabalho que é realizado. Quando mergulhas no amor, deixa de ser seu próprio corpo e passa a fazer parte do mar. Quando promove seu coração, não terás nele alguém e sim, estarás no coração de quem ama. Do efêmero e intangível, o amor desconstrói, derruba todas as suas crenças para formares um novo ser de nova ideologia, onde não mais terás construções, muros ou barreiras, pois fará parte do amor da vida, respirará o éter para sempre na sua mais pura concepção, então, vais habitar o amor.
Creio que apenas conheceremos nossos corações quando sim amarmos singularmente, visto que em nada nos exige, nada nos oferece. O Amor não pode jamais ser confundido com o senso de posse, do desejo de ter em si enjaulado aquilo que sugere amar. O amor não aceita aprisionamento e não é um sentimento que está dentro de nosso peito, jamais! Portanto, quando pensares sobre o amor, este, deve estar refletido na sua aptidão, nas suas ações, no outro que nos vale a vida sem que por qualquer circustância, pensemos em pedir pagamento ou troca, reconhecimento ou declarações por conta do que fazemos, isentando o próprio ser para viver o amor na sua plenitude.
De todos os sentimentos, o amor é aquele de propósito próprio, indivisível, que não confere regras e sequer exigências, apenas, está para o mundo para que o percebamos, para que vivamos este novo caminho que se abrirá quando o amor arrancar de você o coração, entregando um pedaço deste a cada estrela que compõe o céu dos seus sonhos.
O amor, na sua essência acorda com sorriso, agradecendo por mais um dia glorioso de amor, passa agradecendo por todo o tempo, cada uma das transições da vida e as oportunidades que temos, do canto dos pássaros, às refeições. No amor o dia conclui-se com um desejo infinito do bem para o ser amado, agradecendo por mais um dia, repleto de um sentimento que nos transborda.
Abstrato.