-Nossa vida deveria ter mais graça-
Deveríamos ser mais racionais e perceber as belezas que existem em meio a todas as notícias ruins que nós mesmos plantamos de alguma forma.
Hoje ao retornar para casa no final da tarde, tinha como companhia um sol tímido, atrás de nuvens. Ao longe via uma cortina de água que se formava atrás das montanhas... uma linda cena enfim.
Tudo estava ali, competindo com o trânsito, com os buracos da pista e os rangidos do carro velho que se arrastava lento, acompanhando o caótico trânsito. Mas o que vemos por padrão? Todas as mazelas acima, tudo que nos incomoda e cega a visão para as coisa mais simples, gratuitas e belas que temos para apreciar.
É comum do ser humano: desafie uma pessoa a elencar 20 pontos positivos de si mesmo e 20 negativos... eu adivinho: virão primeiro os negativos e serão 35 enquanto que, depois de um grande silêncio e caretas, vai puxar 5 dos mais simples e humildes pontos positivos que possui. O que essa pessoa vê quando colocada em um cenário diário e comum? -Todas as coisas ruins que a podem incomodar e não levantará os olhos para ver o céu enfim.
Os olhos do nosso anjo esforçam-se para nos mostrar as belezas que nos rodeiam mas conseguimos, ao invés disso, teimarmos em continuar vendo apenas o defeito, a imperfeição e a deformidade que nos cerca. Simples seria encarar os medos, fazer com que tenham medo de nós (li isso em algum lugar) mas cabe bem para o momento, pensar que protelar nossos desafios, deixar o que sabemos que precisamos fazer para mais adiante apenas piora e por vezes impede a sua execução.
Somos naturalmente pessimistas de modo geral e a descrença na capacidade intelectual do ser humano o escraviza em um mundo limitado pelos dogmas, pela religião, política e pelas leis que ele mesmo criou. Olho para um carrossel de potenciais gênios e artistas que limitam-se a seguir o trilho dos cavalinhos presos a ganchos e cabos, girando em torno da mesmice de suas vidas pagãs, deixando de lado a oportunidade da criação.
A criação... o mundo parou de criar quando deixou de ser autêntico, a música clássica teria tanto a crescer, parou porque? Tocaram tudo? Não, ela simplesmente não é mais permitida pelos fatores sociais que acabaram com os milhares de cinemas que haviam em cada cidade - por menor que seja - tiveram uma sala de cinema ao menos (lembrarão os mais velhos). Hoje a criatividade é inimiga da ordem, e, mesmo que ela apareça, são tamanhas as leis e taxas que seria impossível para um criador, mesmo tomar posse de sua criação.
E assim as cores vão se diluindo em um cinza matizado pela incredulidade das próprias pessoas que dizem-se abertas a novidades e desafios. Não desafiam-se em virtude do conforto que a legião de pessoas que as seguem ditam em relação a sua conduta e sua postura. Inovar é desafiar, arriscar-se a ver beleza é sinônimo de vandalismo social, afinal, como que você não está importando-se com a crise? Porque não fala do problema?
-Não falo pois é o que todos falam e para onde os meios de comunicação querem que olhe, para os problemas e não abrem espaço para que pensemos em solução, apenas engolimos com comida um telejornal que encolhe nossa capacidade semântica com a delinquência social que eles mesmo estimularam que fosse instaurada.
O mundo nos sugere a beleza e a calma, optamos pela feiura, pela correria e descrença do agir, no fazer e, assumimos assim, o papel de fantoches de um circo de horrores que nos cobre como manto da ignorância.
Veja o sol, preste mais atenção do positivo que existe em qualquer cenário, seja mais louco e sonhador, seja mais o que sua natureza te sugere e ouça seu coração antes de ouvir a opinião daquele que precisa te manter com medo, precisa da sua decepção.