segunda-feira, 25 de maio de 2015

O Doce Gosto do Mistério

“Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia. ”

Se a Filosofia enquanto ciência, busca esclarecer e dar cabo das dúvidas do ser humano em relação a tudo que o rodeia, responder com a razão, a ciência e a matemática os fenômenos, os medos e as crenças descabidas aquilo que jamais houvera sido esclarecido, podemos dizer que ela fora criada a partir do mistério. Desenvolvida a partir do instinto do homem enquanto racional, de dar conta do que jamais fora respondido ou sequer questionado. E assim o ser humano segue trôpego seu caminho da vida a identificar desafios excitantes para quem tem na sua composição corpórea o próprio mistério da origem, do pensar, do existir e da eternidade como esperança de que não se finda com a morte (especial item que identifica a palavra mistério).
Mas porque o abstrato cita William Shakespeare quando fala de mistério?

Pode até mesmo compor mais um mistério que jamais poderá ser esclarecido – pela preguiça do autor em explicar o que o motiva a inspiração, mas deixemos de lado o sentimento. Tenho eu verificado que o sentimento altera o resultado de um estudo, pois influencia os caminhos da escrita – e por que não de nossas decisões (...). Enfim, o Will aí quer nada mais do que desabafar que há tanto a ser explicado que o único filósofo que podemos respeitar, seria divino, arquiteto do cenário em que nos colocamos e nos vemos vivendo. E se assim, a nossa “vã filosofia” apenas riscará um pequeno traço no esclarecimento de algo.


Mas enfim, após esta desastrosa iniciação, busco apenas tocar no assunto que nos confere esse momento, o mistério. O mistério da igreja, o mistério da origem da vida, o mistério que instiga o homem a converter em uma forma técnica os acontecimentos do passado, transcritos em livros, romanceados e delirantemente atraentes (pois o mistério é sim uma forma atraente de resgatar a cada página o interesse de um leitor. Não apenas nos livros, filmes! Claro... os filmes de mistério tão comentados e visitados em salas de cinema onde todos gozam da sensação de olhos arregalados, sem piscar, sem respirar – por vezes – na busca pelo desvendar de uma solução para o caso que assiste, levado elegantemente pelo Diretor, até o seu desfecho para alucinação da plateia. Não esqueçamos, é claro, das mortes não esclarecidas e que até hoje buscam solução nos detetives que todos nós temos em nossas veias – afinal de contas o mistério de uma morte é algo que contabiliza quantas horas da vida de cada um de nós? Enfim, somos impulsionados por mistérios, que, senão divinos, serão sempre mistérios intrigantes e românticos que envolvidos em uma ambientação, um motivo e um desenho de solução racional.

Esquecemos, porém, de um fator determinante para qualquer mistério: as pessoas e suas explosivas definições, a mudança da verdade na mente humana que, quando influenciada pelo fator medo, altera o que considerava então verdade, transformando a realidade e o destino da história. Aí se vê o fato mais intrigante e que envolve psicólogos no estudo de um crime, na fatalidade de uma ocorrência comum.
Sofremos (todos) de um dualismo sempre que buscamos esclarecer qualquer questão que não tem resposta: o dualismo... tomados de um passado particular, repleto de experiências e propriamente soluções racionais de baixo nível consciente, somos facilmente influenciados pela nossa incapacidade de alterar o algoritmo de solução de qualquer dúvida, buscando o resgate no que conhecemos, mas, gente, como e porquê, buscar no que conhecemos e na regra padrão de descoberta, a solução para um novo mistério? Essa falta de abstração nos joga em uma vala comum que recorre ao divino, intangível e imaginário para tudo que não “pode” ser esclarecido pela mente humana. E claro, jamais direi com isso que sou capaz de ser diferente, sou apenas mais um que admite que, a maioria de nossas conclusões chamamos de “coisas de jesus” ou ainda: são coisas que não devemos questionar, simplesmente aceitar... e as urticárias mentais, as tempestades de pensamento continuarão a te tirar o sono por falta do esclarecimento e da desculpa que jamais lhe convencerá...

Abstrato, seja mais simples, fale-me de uma mulher: onde está o mistério em uma mulher?
Eu respondo sim: o mistério de uma mulher está:
-no que ela não diz;
-no que ela não mostra;
-no que ela insinua;
-na experiência pessoal que te fazer materializar o que não pode ver.



E se falei besteira, 
me desculpe, 
quem sou eu para explicar os mistérios da vida?


O abstrato está em:
Espero não ser perdoado pelo uso das fotos... (obrigado Janna)

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