“Há mais coisas entre
o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia. ”
Se a Filosofia enquanto ciência,
busca esclarecer e dar cabo das dúvidas do ser humano em relação a tudo que o
rodeia, responder com a razão, a ciência e a matemática os fenômenos, os medos
e as crenças descabidas aquilo que jamais houvera sido esclarecido, podemos
dizer que ela fora criada a partir do mistério. Desenvolvida a partir do
instinto do homem enquanto racional, de dar conta do que jamais fora respondido
ou sequer questionado. E assim o ser humano segue trôpego seu caminho da vida a
identificar desafios excitantes para quem tem na sua composição corpórea o
próprio mistério da origem, do pensar, do existir e da eternidade como
esperança de que não se finda com a morte (especial item que identifica a
palavra mistério).
Mas porque o abstrato cita
William Shakespeare quando fala de mistério?
Pode até mesmo compor
mais um mistério que jamais poderá ser esclarecido – pela preguiça do autor em
explicar o que o motiva a inspiração, mas deixemos de lado o sentimento. Tenho eu
verificado que o sentimento altera o resultado de um estudo, pois influencia os
caminhos da escrita – e por que não de nossas decisões (...). Enfim, o Will aí
quer nada mais do que desabafar que há tanto a ser explicado que o único
filósofo que podemos respeitar, seria divino, arquiteto do cenário em que nos
colocamos e nos vemos vivendo. E se assim, a nossa “vã filosofia” apenas
riscará um pequeno traço no esclarecimento de algo.
Mas enfim, após esta desastrosa
iniciação, busco apenas tocar no assunto que nos confere esse momento, o
mistério. O mistério da igreja, o mistério da origem da vida, o mistério que
instiga o homem a converter em uma forma técnica os acontecimentos do passado,
transcritos em livros, romanceados e delirantemente atraentes (pois o mistério
é sim uma forma atraente de resgatar a cada página o interesse de um leitor.
Não apenas nos livros, filmes! Claro... os filmes de mistério tão comentados e
visitados em salas de cinema onde todos gozam da sensação de olhos arregalados,
sem piscar, sem respirar – por vezes – na busca pelo desvendar de uma solução
para o caso que assiste, levado elegantemente pelo Diretor, até o seu desfecho
para alucinação da plateia. Não esqueçamos, é claro, das mortes não
esclarecidas e que até hoje buscam solução nos detetives que todos nós temos em
nossas veias – afinal de contas o mistério de uma morte é algo que contabiliza
quantas horas da vida de cada um de nós? Enfim, somos impulsionados por
mistérios, que, senão divinos, serão sempre mistérios intrigantes e românticos
que envolvidos em uma ambientação, um motivo e um desenho de solução racional.
Esquecemos, porém, de
um fator determinante para qualquer mistério: as pessoas e suas explosivas
definições, a mudança da verdade na mente humana que, quando influenciada pelo
fator medo, altera o que considerava então verdade, transformando a realidade e
o destino da história. Aí se vê o fato mais intrigante e que envolve psicólogos
no estudo de um crime, na fatalidade de uma ocorrência comum.
Sofremos (todos) de um dualismo
sempre que buscamos esclarecer qualquer questão que não tem resposta: o
dualismo... tomados de um passado particular, repleto de experiências e propriamente soluções
racionais de baixo nível consciente, somos facilmente influenciados pela nossa
incapacidade de alterar o algoritmo de solução de qualquer dúvida, buscando o
resgate no que conhecemos, mas, gente, como e porquê, buscar no que conhecemos
e na regra padrão de descoberta, a solução para um novo mistério? Essa falta de
abstração nos joga em uma vala comum que recorre ao divino, intangível e
imaginário para tudo que não “pode” ser esclarecido pela mente humana. E claro,
jamais direi com isso que sou capaz de ser diferente, sou apenas mais um que
admite que, a maioria de nossas conclusões chamamos de “coisas de jesus” ou
ainda: são coisas que não devemos questionar, simplesmente aceitar... e as
urticárias mentais, as tempestades de pensamento continuarão a te tirar o sono
por falta do esclarecimento e da desculpa que jamais lhe convencerá...
Abstrato, seja mais simples,
fale-me de uma mulher: onde está o mistério em uma mulher?
Eu respondo sim: o mistério de
uma mulher está:
-no que ela não diz;
-no que ela não mostra;
-no que ela insinua;
-na experiência pessoal que te
fazer materializar o que não pode ver.
E se falei besteira,
me desculpe,
quem sou eu para explicar os mistérios da vida?
O abstrato está em:
Espero não ser perdoado pelo uso das fotos...
(obrigado Janna)