-Se o teu valor pode
ser mensurado pelo preço, de nada vale o teu esforço-
Hoje a partir
de um questionamento aparentemente simples sobre a semântica de uma palavra e a
sua diferença em comparação a outra, pensei sobre o assunto. Justamente quando
vi ouriçarem-se colegas com suas opiniões e comentário sobre o tal fato.
Imediatamente pensei: “Cara, esse assunto merece um estudo! ” E cá estou eu a
escrever sobre o preço e o valor, humildemente declarado pela lógica
experiência do escritor... enfim, ignore essa introdução e comecemos novamente.
Vivemos em um
mundo globalmente capitalista, ou seja: vale pelo que tem (em relação a bens e
cifras – ignoremos aqueles que creem ser o maior armamento, exército ou
potencial bélico – vamos nos manter no bairrismo de nossa inócua existência
como padrão de comparação nesta análise. Assim, qualificado como sem qualquer
valor por não haver capitalização em relação a esta avaliação, podemos nos
estender gratuitamente no pensar sobre nossa própria conduta e a importância
que damos a estas suas palavras que, em dado conceito, podem nos qualificar ou
desqualificar para algo que estamos pleiteando.
Refiro-me
inicialmente ao preço, que por sua determinação contábil sugere ser nada mais
do que um valor monetário expresso numericamente associado a uma mercadoria,
serviço ou patrimônio. (Fonte: Wikipedia). Pois bem, senhor dos números que rege
a existência e tornou-se motivo que determina a vida e a morte, o valor (calma,
chegaremos lá) e a consideração em que é escalonada a importância de relações
comerciais, escambos e trocas de qualquer item que hoje em dia, submeta-se a
esta condição (a venda em si).
E se a meca
dos obstinados é a moeda, o preço das coisas é a determinação única da sua
importância, seu merecimento ou valia, perdemos o foco para o conceito da
retribuição pelo esforço, a mensuração da recompensa – cada vez menor –
buscando monetizar exclusivamente o obstinado que esqueceu-se dos preceitos que
englobam e sistematizam o mercado capitalista, nos tornando escravos das cifras
volumétricas, porém, frias e vazias como uma moeda comum.
E quanto ao
valor? O que afirmar sobre um produto que tem seu valor? Uma pessoa valorosa
que carrega no seu caráter mais do que uma mensuração monetária? Fico surpreso
de como a sociedade moderna vem esquecendo-se do valor de qualquer coisa,
baseando a sua análise exclusivamente ao que refere como qualificação, a
quantidade de cifras pela qual pode ser comprada. E aqui vemos na corrupção
mundial (afinal de contas ela não existe apenas aqui, até mesmo na FIFA vemos
essa prática) e com certeza não é devido qualquer alusão ao valor de algo. Mas
e quanto ao valor de uma pessoa? Claro que, todos sabem não possuir cifras que
quantifiquem uma amizade, um amor ou mesmo uma ação solidária. Porém é um
conceito ultrapassado e de difícil mensuração – entendo, mas é difícil admitir
que sejam colocados pesos e medidas nestas relações de valor com pessoas e
mesmo objetos, bens e outras coisas a que chamamos de “apego sentimental”.
Porém não nos martirizemos, pois nascemos e crescemos adaptando nossos sonhos
não ao nosso valor ou ao valor de algo, mas sim, no tamanho da nossa carteira
para qualquer aquisição.
Sempre disse
que para ganhar dinheiro você precisa perder amigos – por isso tenho amigos –
rsssss. Mas ainda considero difícil acreditar que pessoas subam sem que pisem
sobre as outras (e essa triste realidade me choca diariamente) o que creio ser
a conclusão mais triste deste texto. Vejo a virtude e a moral sendo esquecida
enquanto são contabilizados sim, os números que referem e estabelecem a
importância de cada artigo ou pessoa. Vejo o valor absoluto que faz diferença
em qualquer item ser esquecido e na balança de nossas decisões, apenas o
numerário que este vai despender, restar de lucro ou ganho pessoal.
Eu vejo valor
oculto nas realizações das pessoas, utilizando-se do que dispõe, sejam em
grandes obras ou simplesmente, gratuitas e furtivas. Porém, contemplam
resultado que interfere para a humanidade de forma positiva, creio ser mais
sublime avaliar e qualificar o valor desta maneira. Todavia, tratando-se de um
produto, ao passo em que deixamos de buscar o mais barato ou mais caro,
olharmos para os benefícios, a qualidade e a utilidade de algo, sua usabilidade
e o emprego deste em algum objetivo fim, podemos avaliar o seu valor.
Muito bem. Uma
vez que esclarecidos os termos – a meu ver, podemos nos colocar a pensar ante o
espelho da consciência para avaliarmos de que forma e qual índice andamos
utilizando para, na escala “das coisas importantes da minha vida”, colocando as
pessoas que nos rodeiam, nossos desejos e sonhos. Será que estamos sendo
sinceros a nossa condição de seres humanos ou estamos robótica e
sistematicamente calculando o valor de uma amizade, de um amor, de um bem, em
relação as cifras que o compõe?
Fica o
pensamento livre – de grande valor e preço algum – para que jamais esqueçamos
que: pessoas possuem coração (item DOADO) que pode salvar uma vida.