quarta-feira, 27 de maio de 2015

O que você anda comprando e vendendo?

-Se o teu valor pode ser mensurado pelo preço, de nada vale o teu esforço-


Hoje a partir de um questionamento aparentemente simples sobre a semântica de uma palavra e a sua diferença em comparação a outra, pensei sobre o assunto. Justamente quando vi ouriçarem-se colegas com suas opiniões e comentário sobre o tal fato. Imediatamente pensei: “Cara, esse assunto merece um estudo! ” E cá estou eu a escrever sobre o preço e o valor, humildemente declarado pela lógica experiência do escritor... enfim, ignore essa introdução e comecemos novamente.
Vivemos em um mundo globalmente capitalista, ou seja: vale pelo que tem (em relação a bens e cifras – ignoremos aqueles que creem ser o maior armamento, exército ou potencial bélico – vamos nos manter no bairrismo de nossa inócua existência como padrão de comparação nesta análise. Assim, qualificado como sem qualquer valor por não haver capitalização em relação a esta avaliação, podemos nos estender gratuitamente no pensar sobre nossa própria conduta e a importância que damos a estas suas palavras que, em dado conceito, podem nos qualificar ou desqualificar para algo que estamos pleiteando.


Refiro-me inicialmente ao preço, que por sua determinação contábil sugere ser nada mais do que um valor monetário expresso numericamente associado a uma mercadoria, serviço ou patrimônio. (Fonte: Wikipedia). Pois bem, senhor dos números que rege a existência e tornou-se motivo que determina a vida e a morte, o valor (calma, chegaremos lá) e a consideração em que é escalonada a importância de relações comerciais, escambos e trocas de qualquer item que hoje em dia, submeta-se a esta condição (a venda em si).
E se a meca dos obstinados é a moeda, o preço das coisas é a determinação única da sua importância, seu merecimento ou valia, perdemos o foco para o conceito da retribuição pelo esforço, a mensuração da recompensa – cada vez menor – buscando monetizar exclusivamente o obstinado que esqueceu-se dos preceitos que englobam e sistematizam o mercado capitalista, nos tornando escravos das cifras volumétricas, porém, frias e vazias como uma moeda comum.

E quanto ao valor? O que afirmar sobre um produto que tem seu valor? Uma pessoa valorosa que carrega no seu caráter mais do que uma mensuração monetária? Fico surpreso de como a sociedade moderna vem esquecendo-se do valor de qualquer coisa, baseando a sua análise exclusivamente ao que refere como qualificação, a quantidade de cifras pela qual pode ser comprada. E aqui vemos na corrupção mundial (afinal de contas ela não existe apenas aqui, até mesmo na FIFA vemos essa prática) e com certeza não é devido qualquer alusão ao valor de algo. Mas e quanto ao valor de uma pessoa? Claro que, todos sabem não possuir cifras que quantifiquem uma amizade, um amor ou mesmo uma ação solidária. Porém é um conceito ultrapassado e de difícil mensuração – entendo, mas é difícil admitir que sejam colocados pesos e medidas nestas relações de valor com pessoas e mesmo objetos, bens e outras coisas a que chamamos de “apego sentimental”. Porém não nos martirizemos, pois nascemos e crescemos adaptando nossos sonhos não ao nosso valor ou ao valor de algo, mas sim, no tamanho da nossa carteira para qualquer aquisição.
Sempre disse que para ganhar dinheiro você precisa perder amigos – por isso tenho amigos – rsssss. Mas ainda considero difícil acreditar que pessoas subam sem que pisem sobre as outras (e essa triste realidade me choca diariamente) o que creio ser a conclusão mais triste deste texto. Vejo a virtude e a moral sendo esquecida enquanto são contabilizados sim, os números que referem e estabelecem a importância de cada artigo ou pessoa. Vejo o valor absoluto que faz diferença em qualquer item ser esquecido e na balança de nossas decisões, apenas o numerário que este vai despender, restar de lucro ou ganho pessoal.
Eu vejo valor oculto nas realizações das pessoas, utilizando-se do que dispõe, sejam em grandes obras ou simplesmente, gratuitas e furtivas. Porém, contemplam resultado que interfere para a humanidade de forma positiva, creio ser mais sublime avaliar e qualificar o valor desta maneira. Todavia, tratando-se de um produto, ao passo em que deixamos de buscar o mais barato ou mais caro, olharmos para os benefícios, a qualidade e a utilidade de algo, sua usabilidade e o emprego deste em algum objetivo fim, podemos avaliar o seu valor.

Muito bem. Uma vez que esclarecidos os termos – a meu ver, podemos nos colocar a pensar ante o espelho da consciência para avaliarmos de que forma e qual índice andamos utilizando para, na escala “das coisas importantes da minha vida”, colocando as pessoas que nos rodeiam, nossos desejos e sonhos. Será que estamos sendo sinceros a nossa condição de seres humanos ou estamos robótica e sistematicamente calculando o valor de uma amizade, de um amor, de um bem, em relação as cifras que o compõe?

Fica o pensamento livre – de grande valor e preço algum – para que jamais esqueçamos que: pessoas possuem coração (item DOADO) que pode salvar uma vida.

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