Imagino um plano distinto, paralelo ao mundo real...
Neste execício, consideremos que não haja tempo, prazos ou metas. Simplesmente vivenciamos o que pode ser previsível dentro do abóboda terrestre num plano reto em que caminhar, não apenas te leva adiante, mas ultrapassa os limites da distância sem velocidade, afinal de contas não existe velocidade, pois o cálculo não completa-se sem a variável tempo.
Ao passo que, desdobramos a cartolina do movimento e deslocamento, estaremos por eterno parados e a única ferramenta imutável neste vácuo de sentimento, não envelhecer é a arte do sobreviver e mais: para que não enlouqueçamos, a única alternativa válida e provável seria portanto, o pensamento, a dedução por contrário da inércia física. Com o apelo deixado no enunciado, desnecessário é, portanto, criarmos um plano de voo ou um mapa de viagem, pois fará isso apenas com o pensamento, sem que haja qualquer deslocamento.
Então, despreocupados com o rumo das coisas, já que estas não se alteram, como alterar o ser humano se para isso precisamos apenas pensamento e a cognição de que não haverá jogo já que as peças não se alterarão.
Acredito que a causa principal do caos em que nos encontramos é justamente o fato que, vejo ruir as relações humanas pela falta de confiança, pelo movimento lateral das pessoas em relação à maneira como encaram o dia a dia e interpretam os movimentos das pessoas. Se motoristas erram os cálculos de deslocamento de matéria, sucumbindo em acidentes ingênuos, como poderemos prever os movimentos de outras fontes não constantes como é o conhecer, o interagir e o viver? Fica declarado que, anéis, papéis e contratos não assegurarão a perenidade de qualquer acordo formal, não haverá sucessão quando o que se faz corroído é a constituição e, uma vez destituída a formação, caímos em um mesmo hemisfério de perdas, somatizando cada vez mais a incoerência dos seres humanos e deixando de lado, a principal característica do que poderíamos nos ancorar para termos qualquer certeza sobre a direção das marés para dar cabo do destino que o horizonte nos apresentará.
Hoje a humanidade é escravizada pelo tempo, tempo vilão que a imaturidade das pessoas acaba por contracenar com a indulgência, movida pela similaridade com que se movem os ponteiros do relógio da vida. Todos escravos, calculando seu envelhecimento e preparando-se para a despedida derradeira da vida, quando desconsideram o fator viver com tempo, dobrar o tempo e fazer de cada hora, vários dias de felicidade num momento pequeno em que cabe um avida inteira.
Se fôssemos similares as moscas, aproveitaríamos melhor cada momento, já que, nossa média de existência neste plano terreno gira em torno dos 75, 80 anos, enquanto que a mosca, tem apenas 20 a 30 dias. As moscas sim sabem viver... sabem aproveitar o tempo, longe daquilo que acreditamos ser o ciclo de nossa vida, onde, esperamos 30 dias apenas para receber a recompensa do trabalho, para aguardar pelo dia certo da menstruação ou da plantação, que aguardamos para que o tempo, cure nossas feridas que encontram-se abertas ou as bolhas que ainda não estouraram.
Caso soubéssemos aproveitar o tempo e degustar a vida, seríamos mais criteriosos em relação a quem daremos a dádiva da nossa atenção, do nosso esforço e do nosso trabalho. Somos relapsos, perdemos tempo embriagados, dormindo, brigando e achando que o mundo é imprestável para nossos sonhos - e estes sempre inalcançáveis - e nesta distância - calculada pelo tempo - esvai-se a vida, como a areia da ampulheta.
Na suposição de não haver tempo, faça teu tempo e use-o como se o seu dinheiro ou bem mais precioso, aproveita viver, respirar cada litro de ar e consumi-lo executando o plano que tens para sentir o doce, o amor, o prazer, a satisfação e principalmente, com as pessoas que acredita ser, aquelas que o mereçam.
Tenha o domínio do seu tempo, não deixe o tempo manipular-te sobre um tabuleiro de atividades que te escravize, afinal, ele pode mesmo não existir!