E se fôssemos todos jogadores?
Os tabuleiros, cenários de cada relacionamento;
Dentro de cada ambiente dos quais convivemos;
Estratégia e posicionamento sempre pensaremos;
Diferente do que sente o coração,
A razão mostra matematicamente o caminho,
Como um enxadrista define cada passo,
Na expressão mais falsa e contrária se faz correto,
Deixando de lado o que seria fato,
Confere uma postura criada pela necessidade;
Defender-se porém, não será uma meta.
Fato constato desconhecer estratégias.
Deste jogo incauto que disturba o coração,
Ignora-se o sentimento contrário à emoção.
Palpita um coração que não bate,
Conta o tempo para cada combate.
Sem argumento para tanta lógica.
Fica sem emoção, sem expressão,
Deixar escapar uma lágrima jamais,
O jogo não permite sentimento quando calcula.
Das poucas cores que o tabuleiro exibe,
Vai ficando preto e branco o livro da história.
Vai pelo caminho correto, não sente.
Quando vê, perde vazio o jogo da vida.
Como é triste pensar que todos calculam seus passos, mensuram suas palavras e posicionamento para que, um passo após o outro, ande sobre a corda sem cair, sem balançá-la e fala baixo para não ser ouvido. Viver sem coração, apenas com o sentimento e somando a informação que recebe a cada instante do mundo interior, tendo um tabuleiro e um cenário para o relacionamento calculado para cada um que faz parte de sua rotina. Como em uma corrida eleitoral onde o aperto de mão não exprime saudade ou contentamento pelo encontro, mas sim, tem pro traz o movimentar das peças do tabuleiro para colocar à frente, mais um soldado que o levará ao governo ou à posição que pleita.
Vejo amores conveniados de maneira a serem lisos, belos como as fotos que são divulgadas e que escondem por trás a insatisfação, o desespero por não haver na mais do que a casca seca e vazia da fruta outrora madura e doce. Como se não bastasse, corrompe o termo do amor, o sentimento que não é composto por razão e quiçá estratégia, seria apenas subterfúgio para uma vida completamente calculada e corrigida dos males de um mundo moderno, recheado de indicações, relacionamento e marketing pessoal. Não contemplamos parceria se não houver conveniência, ao contrário da cumplicidade, me atiro no rio apenas se eu tiver sede ou interessar por qualquer motivo, quem lá pede socorro.
Pois sobrevivem e perduram aqueles que traçam sua estratégia e sabem joga o jogo das relações, compondo cada definição e expressão diferente do que sentem, traindo aquele que te faria bem apoiar, mas mantendo assim, seu posicionamento, suas defesas e seu ataque prontos. Fazendo da vida, estratégia para lidar com estratégicos e, quando cai, perdido em sentimento, esconde-se para não demonstrar as suas fraquezas. Como não há franqueza, não pode também haver cumplicidade e sim, aliança. Aliança que não corresponde a noivado, mas sim, aprisionamento negro e baixo, onde a prostituição da sua correlação, te faz desconhecer-se ao espelho e porque? Se és tão brilhante ao ponto de articular, teatralizar a vida, porque não deixar senti-la na pele sem protetor solar?
Deixemos de nos esconder, jogar e dançar conforme as regras e músicas. A autenticidade mostra um ser humano diferente dos Lemming's que andam em fila, seguem tendências e conceitos, não criam, não inovam e jamais serão distintos pela incapacidade de respeitar a bênção da vida, da divina dádiva de nascerem humanos e racionais. Negado o fato (que é fato) por serem humanos com coração e sangue quentes, onde corre a emoção e os amores, trocando tudo isso pela falsidade de uma vida plástica, vazia e solitária. Deixemos de ignorar os sinais de batimentos cardíacos, o calor e a emoção, deixar a preocupação com peões e bispos, cavalos e damas... para quem sabe, parecermo-nos novamente, mais próximo do que houvéramos sido antes que a corrupção da lógica, esfriasse nosso coração.
E quando percebermos que, o saber lidar com as pessoas nada mais é do que utilizar-se de uma vantagem cognitiva para alcançar resultados práticos e matemáticos, quem sabe passaremos a ver mais cores no arco-íris, ou vermos simplesmente, a íris daquele que não temos mais a coragem de encarar no espelho por desconhecê-lo.
Vire o jogo e seja você mesmo... é muito bom!