segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Então perdeu-se escrevendo o próprio livro?

-Escrever o próprio caminho, pode ser o motivo que nos difere de um simples sonhador-



Muitas pessoas falam sobre escrever sua própria história, trilhar seu próprio caminho, fazer a sua própria história. É um belo sonho, um bonito conselho vindo de um pai ou amigo, até mesmo de um amor desapegado da proximidade que inibe a atitude.

Porém, por trás de tudo que aspira lúdico, existe um risco e muito mais do que simplesmente a beleza do sonho. A realidade não é simples como imaginam os escritores, não é bela e perfeita como acreditam os pais, nem corretas e de pesos e medidas equivalentes como prega a lei. A realidade é desigual, macabra e sínica nas suas escolhas e nas intempéries que aplica ante o caminho seja qual escolha seguir. E, como um barco, lançado em alto mar, levarás da maré e dos ventos, os desacordos do caminho então traçado. Ao passo que assistires as passagens da tua vida então "feita" e traçada, verificarás que há distorções naturais dentre as suas escolhas, e, estas, moldam de maneria dessemelhante o que então acreditava ser um traço reto como teu pensamento, com a inexistência de qualquer irregularidade que atrapalhe o mote de sua digressão.

Apesar de todas as interferências do meio que justificam a cautela que recomenda-se a todo viajante, jamais equivale ao motivo suposto para abandonar a ideia desta partida rumo ao desconhecido, já que não há maior precisão na manutenção de um espírito do que perceber o novo como forma de intimidade com a própria alma. E se desfaz-se em lágrimas pelas dores dos teus próprios passos, não o faça, pois ao olhar para traz, encontrará um caminho traçado, um mundo que girou no formato de sua evolução e dias a menos para encontrar quem busca no final desta viagem. 

No traçar do lápis que desenha o sentido de sua existência, vais estudar, vais compor laços e aliar-se a pessoas que te levarão (ou não ) para o destino que busca na tua formatação inicia, aceitar a interferência de personagens na sua peregrinação é portanto, inevitável como encontrar por-de-sóis que te tirarão o fôlego, assim como tempestades que vão estimular a sua negatividade em razão da desistência. Cumprir com as suas metas e ultrapassar sobrepujando estes obstáculos e dificuldades, fazem mais doce o sentido do andar e te deixarão a cada passo, mais próximo daquilo que, de tudo, o que mais importa se constrói: a conquista de você mesmo como pessoa, o reconhecimento refletido no espelho da honra, de um vencedor de seus próprios medos, desafios e fraquezas.

Fácil como escrever, jamais será, e, mesmo que descreva em detalhes, jamais far-se-á entender por outra pessoa, tudo que sentiu, não haverá livro que trará as sensações que tua própria vida te conceberá por interagir com ela de maneira crua, nua de preconceitos ou dos medos que nos tendem a fazer suportar dores intermináveis alimentadas pela própria proposital e assumida, pelos medos que amortalham a alma em torno da inexistência da vontade e da coragem que exige-se de um viajante, daquele que ousa desbravar os seus próprios limites rumo ao desconhecido.



Numa pausa do tema, falemos sobre o desconhecido.
Impossível tratar com algo que jamais tentamos conhecer, jamais te colocou com a coragem suficiente para prostrar-te frente a frente com este sujeito? O maior desafio do ser humano é não saber o amanhã, não conhecer os desafiantes que enfrentarão no ringue de suas batalhas pessoais. E como saber? Impossível como saber a temperatura do fogo e da água - que tão próximos podem estar - sem que jamais tentou tocá-los pelo medo do sujeito cuja necrópsia identifica finalmente, como um simples e falho da psique que te trava a nível de sentimento, de emoção e dor.

Voltando ao rumo de nossos caminhos, creio poder reescrever algumas histórias colocando autoria nos passos de certas pessoas que jamais ousaram, jamais transaram com a autenticidade de fazer por si, sem qualquer interferência, escrever o seu caminho do modo como o sentia, da maneira mais verossímil que sua alma sempre transpirou. Porém, de qual forma percorrer o desconhecido acima se jamais se dispôs a tentá-lo encarar? 



Num parêntese simples abstrato que, haverão sempre momentos em que estaremos enquadrados em desvios de nossa rota. Desesperar será sempre a tendência e o caminho mais curto ao olhar do horizonte. Porém, se escreveres teus medos, dividí-los, comungar com um amigo as dificuldades, verás que há sempre luz, que cegamos pela falta de fé, pela ausência de força moral, ou simplesmente, por considerar-se incapaz. E o segredo das amizades está justamente naquela em que, no momento que parece ser o mais intransponível, reconhece o teu amigo e sua mão estendida para te ajudar a concluir a pior etapa que poderia nos derrotar.

Desafia o desconhecido, porém, jamais sozinho!






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