terça-feira, 2 de setembro de 2014

A cultura do silêncio

Vejo muitos afirmando que inteligente é calar-se, observar e não pronunciar-se. 
Penso: se assim, como propagar indagações que levem as pessoas ao questionamento, à avaliação do proferido e possibilitar posicionamento, defesa e mesmo, a compreensão clara do que foi dito - ou imposto?
Concordo que, todos aqueles que tiveram coragem, no seu tempo, de impor-se contrários a uma determinação, uma ceita ou receita foram punidos, senão com o extirpar da própria vida, como também absortos da sociedade e isolados em locais de neutralidade onde a informação não alcançava em tempo aqueles que tinham abertos ouvidos para quem posicionava-se.
Sabemos, ocorre, muitos que falam e falam demais, profanam sem consciência coletiva, crenças ou regras que simplesmente não devemos questionar sem ao menos a permissão e participação dos envolvidos. Mas aquietar-se simplesmente para que não corramos o risco de ter o rosto ferido, a individualidade preservada no aramado de erros a que somos vitimados diariamente, não me precede indulto à ignorância. Penso que, ao passo que temos quem mente, engana, trapaceia, rouba e mata, temos sim que considerar o fato de que estes sim, não deveriam agir, quanto que, trabalhamos, sufocados por todo o tipo de aditivo impositivo sem consideração em relação a sobrevivência, deveríamos sim pensar se nosso silêncio é benéfico, se apoia a mudança deste status ou se confere habeas corpus justamente a quem deveria ser calado.



E mais uma vez vamos nos deparar aos direitos de expressão, direitos humanos e mais e mais direitos.
Pois bem, proponho uma pausa no raciocínio e vamos aos direitos:
Sempre tive para mim: direito é o caminho por onde posso percorrer até que haja lesão, descrédito, desigualdade ou desvantagem... jamais, nestas premissas tive que apelar a direitos - para mim, sempre considerado a desesperadora instância do não compreender entre indivíduos que convivem em uma sociedade. A ferramenta pesada e maciça capaz de igualar valores onde a discórdia prevalece à convivência harmoniosa.

Ao que nos voltamos para o silêncio, doce momento que necessário é quando temos de resolver questões da álgebra da vida, sempre que o mundo nos parece incompreensível em sua complexidade (camada de valores e culturas que impedem a visão crítica e crua de um ponto simples de observação). O mesmo sujeito capaz de permitir-nos guarda e abrigo do que é ruim - para nossa compreensão, traz a exclusão da informação, da participação social e a possibilidade clara de podermos mudar de alguma forma, o parágrafo da história no qual possamos estar inseridos.

Inconveniente como a chuva quando impede o teu passeio, silêncio que sugere a isenção de qualquer participação em assunto específico que nos possa envolver quando na verdade, buscamos comunicação... não há nada que possa nos fazer mais crescer do que a evolução necessária para esclarecermos qualquer assunto ou pauta do que organizar o pensamento para poder expressá-lo da forma mais compreensiva possível para outra pessoa.

Quem opta pelo silenciar?
Quando opta pelo silenciar?
Na guerra, o covarde; no debate, o fraco...

O silêncio é uma dor indevida, não falar é a pena máxima daquele que não consegue, não quer, é o verdadeiro desertor de todo um plano divino da comunicação, da evolução humana. Aquele que está desacreditando o ser humano ao Criador e porque fazer isso? Por que não ajudar?

De silêncio, falando aqui, expresso a opinião que para muitos - e não duvido - será motivo para exercitar o silêncio pela falta de importância das palavras, mas, isso também vem de encontro com a possibilidade do ser humano em agir da maneira como o livre arbítrio definir, pessoalmente, sem o coletivo de qualquer comunidade.

Use o silêncio ao seu propósito, mas não deixe que engula a sua ideologia de maneira a impedir que defenda tudo aquilo em que acredita.





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