Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!"
Versos Íntimos - Augusto dos Anjos
Mesmo que tome a nuvem por Juno, crendo e alimentando uma verdade inverossímil aos olhos do fanático teórico pela razão, permanece livre da emoção para caminhar dentre as sombras do monstro da própria tristeza, quando depara-se à frente do seu amor, ante o tabuleiro do jogo da vida, onde não existe quiçá lembrança da própria origem que o gerou. Lúdico é o teu pensamento ao perfilar com os olhos a vida e enevoa a própria verdade com o monstro fictício que te atormenta, acabando por devanear entre o mau e a maldade, por trilhas suicidas entre o improvável amor eterno e a ribanceira do pensamento dolorido da realidade cálida dos códigos secretos que margeiam as páginas do livro dos dias.
Nada mal para aquele que julga poder compreender e manter-se superior aos golpes cínicos dos fracos. Porém de fracos somos conhecidos e sabe que realmente transitas entre as avalanches de sentimentos que, és incapaz de ignorar. Mas não permita cegar por conta do mau tempo, ou ainda pela falta da crença que enfraquece com os desencontros permanentes. Seja mais urgente no momento ímpar em que a mão pesa e as vistas escurecem, o jogo da vida continua a contabilizar o tempo efêmero em que podes visualizar a próxima jogada. Não deixe o mole coração enrijecer, ou ainda, tomar-te por atitudes indignas daquelas que te trouxeram até aqui.
Quando olhar para os lados e ver-se perdido, não titubeia, desconfie da base que te sustenta, saia da caverna que te abriga, mude o ponto de visão e terás outra realidade despida aos teus olhos abrasados, verás as consequências de cada ato e cada passo teu, e, destes, contemplarás uma verdade que não tem piedade em ser cordura completa de justificação motivando um movimento distinto, honroso e prático. Uma flecha de razão no alvo da pífia notícia, fazer-te forte para concernir o fato e definir, qual peça, é adequada ao invés de confortável, mover e mesmo entregar ao rebelde, por conta da defesa do bem maior, o súdito impetuoso.
O mundo nos cobra a razão, enquanto nos oferece a luxúria, preguiça erótica e sensual de um domingo de sol. Permita a delícia, de maneira que consiga por outra volta, manter calculado o passo seguinte sem o impulso da insensatez, virtude da cegueira de teus preconceitos.
Quando olho no retrovisor da minha estrada, recordo quilômetros de erros que me permitem simplesmente, oferecer a mão calejada de quem manipula os personagens de uma história que não escrevo sozinho - ao contrário - se faz influenciada e coagida pela ação de cada momento que divido contigo, continuando a cometer os mesmos erros.
Da carta de um coração à Rainha do jogo, preservo o rei, suicidando ante este, cada personagem que compõe meu exército e, no momento em que ninguém mais restar, és tu ó minha Rainha, quem sacrificarei pela razão, pela vitória.
Vida eterna aos que lutam por um significado!