domingo, 22 de maio de 2011

Sociedade – a deturpação de um significado

Falar de sociedade, ética entre as relações humanas, é hoje fácil – temos assunto para diversas páginas – tendo me vista a pluralidade de exemplos que flagramos a cada vez que a interação social se compõe em nossa rotina e nas necessidades que nos fazem buscar essa correlação de confiança.
As palavras que deveriam valer, pesar e medir o volume de sua compreensão, hoje apenas são garantidas pelo papel, ornadas pelo complexo e iliterato leque de palavras que moldam os contratos. Registros que amontoam-se às toneladas e, mesmo com esta, não espelham a verdade e a garantia esta, qual a palavra não mais sugere como segurança.
A sociologia e a antropologia se misturam e divagam sobre as observações de Kant de uma sociedade muito distinta da que hoje vemos, abalada pela opressão, superpopulação que acaba por gerar uma desleal competição por espaço, empregos e, pela própria sobrevivência do ser humano e da sua família.
O limite delimitado pela moral, mantendo sadio o certame pelo sucesso se choca com a ganância e o descompasso que rege a convivência harmônica em uma sociedade e, às margens deste limite, vemos o que mais horrendo e improvável o ser humano conseguiu aproximar-se, criando novos sistemas de sobrevivência e superposição dos valores que no século 19 já eram longamente estudados e analisados.
Assunto chato esse que ninguém mais dá a devida importância – até porque, seria uma perda de tempo nos “boxes” desta corrida onde se busca a vitória a qualquer custo. Uma partida de futebol é mais organizada e controlada do que hoje é as relações sociais da população de uma comunidade. Nessa que nada mais nos garante senão, a certeza de viver com medo das pessoas e de suas ações.
Partindo portanto, da premissa de que o ser humano é animal e age em grande parte de seus reflexos de auto defesa como um animal, fica fácil compreender porque o mundo anda desalinhado rumo a fatalidade e a falência de qualquer regra ou norma. Afinal, se nem mesmo a igreja conseguiu impor aos seus fiéis com base no livro sagrado de cada religião, a ética, a moralidade e o respeito ao próximo – obra primorosa que nos fez, por um período, chegar até os dias atuais de maneira menos dilacerada no que toca a relação humana.
Aos fatos, aflora minha memória neste momento, os exemplos que me decepcionam enquanto parte da formação comunitária: a escravidão e a solidão que faz a busca por mais posses, poder ou apenas, pela superação do outro já que, vivendo num país capitalista, é ele que comanda qualquer ação, união ou separação que faz do homem alvo da mesquinharia e da pequenez capaz apenas por aqueles que jamais atentaram para o valor da família e da amizade.
No embate por estes valores, nos chocamos com nosso próprio critério, qual questionamos a cada decisão do agir, dirimindo o risco do fracasso, valorizando sempre, a busca pela conquista; faz-se o desenho do circo moral que compõe nossa realidade. Um mundo paralelo que subsiste à margem de qualquer lei criada pelo homem, contando apenas com os criadores destes sistemas subliminares que comandam vidas e definem futuros para diversos atores de uma tragédia que acabará certamente em lágrimas, por mais que haja o intuito da felicidade.
Meu intuito com este retalho de indignação não é, todavia, ter como fundamentalismo, resgatar àqueles que tem já seu modus operandi definido como regra, mas quem sabe, abrir as portas do pensamento para quem ainda forma sua dignidade, com base na observação do que considerar errado, mudando a característica e sufocando o sistema marginal que escraviza e domina quem dele hoje é refém.

Enfim... o mundo mudou e, se não observarmos pequenas regras básicas de convivência, confiança e honra, nos restará apenas acreditar que o mundo realmente precisa acabar para nivelar os átomos e rearranjar o cosmo, iniciando uma nova realidade, uma nova sociedade liberta dos valores fúteis e indignos que vejo reger as relações humanas atualmente.



Amor, obrigado pela foto...


Abstrato.

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