sábado, 24 de julho de 2010
O tempo ensina, e passa...
Caminhamos sem rumo, entre espelhos que distorcem a visão da realidade e tempo passa... nossa caminhada se estende por um caminho ainda escuro e sem destino onde desbravamos a cada passo, provando novos sabores e encontrando novos companheiros que por um tempo fazem dos destinos, equivalentes.
O que nos ilumina nesta noite é a lava quente que corre nas veias e, em erupções de euforia, verte de nossos olhos e somos caminhantes, errando pelo mundo sem um destino e sem uma direção. Apenas, confiamos um no outro que, de mãos dadas, jamais nos perderemos e jamais nos distanciaremos. E tempo passa...
Muitos perguntam onde será o fim da estrada e o caminho transformado em retidão. É na redenção inóspita que todos sonham que mora nossos pensamentos, ainda não, nossos olhos. Ao menos enquanto os espelhos difamam nossos olhos cansados. Somos mesmo capazes de fazer do amor a chave de um mundo melhor, da calmaria daquele mar que a tanto não vemos, apenas esta estrada escura. Relâmpagos deixam flashes de luz anunciando que chuva, frio e neblina fazem parte deste cenário e nossa caminhada, jamais cessa.
Percebemos que algumas pessoas cegaram, perderam as noções básicas e a direção. Pegamos pela mão e trazemos de volta para o caminho, buscamos num momento simplesmente, encontrar destino, aquele destino que imaginamos e buscamos como justo. Apenas o vento, somos então convidados ao mal, sempre mais simples e fácil, agir pelo mal, jamais fazer o que é certo – ou acreditamos como certo – foi a coisa mais fácil a fazer. O mundo mudou e as pessoas também, somos alienígenas que acreditam na palavra e na bondade mas naqueles espelhos, poucos ainda conseguimos reconhecer. Agora somos novos e ainda fortes, temos pulmão para aguentar essa corrida e nada disso nos faz novos ou mais velhos. Estamos pela palavra como o escritor para o papel, ao doce gosto de um pensamento, formando textos, histórias e novos desafios.
A quem nos vê, seria engraçado perceber como é difícil, mas doce, poder transcorrer um caminho às cegas e sem qualquer esmola vinda do que mais senão, de nossas próprias forças. Ao que ainda existe energia em nossas veias, ainda iluminaremos nossos sonhos com todo o amor que um dia nos fez unir nossas histórias e traçar um destino mais do que vemos de transeuntes que vão, sem direção ou destino, passando pela vida como turistas que se deleitam com qualquer detalhe, mas que não tem em sua intenção, qualquer foco que possa levá-lo a algum lugar conhecido como casa ou como um qualquer suspiro de segurança – e o tempo passa.
Não vejo nada mais do que conseguimos realizar com nossas mãos, artesãos de obras que dissolvem-se ao doce gosto do vento que corrige as imperfeições de tudo que fizemos. As pegadas que deixamos neste caminho logo serão apagadas e o que fica é apenas aquele olhar que os espelhos deixaram registrados em nosso pensamento, em nossa memória quando pudemos nos fitar completos como tal.
Hoje olho para minha realidade como aquele que concluiu uma obra e apenas corre os olhos por sobre buscando qualquer ajuste de algum momento ímpar de desatenção que tenha deixado uma marca maior do que deveria o momento e a estética – nada me ocorre – e minha mente continua vazia e sem sentido, buscando um momento melhor do que este, onde minha obra se completa e o que faço, é apenas caminhar num caminho desconhecido, deixando pegadas para que sejam seguidas por qualquer que tenha coragem para interceptar outro momento que lhe identifique – e o tempo passa...
Quando ver um arco-íris, buscarei o seu início, mesmo que em vão, vamos nos encontrar ao pé desta pintura divina, vamos brindar a nossa estupidez, vamos honrar a nossa incapacidade! Vamos caminhar pelos caminhos errados, vamos, vamos! Porque o tempo passa.
Abstrato.