Sempre há tempo...
É sabido pelos estudiosos que mesmo o tempo engana-se, que nossa métrica não é precisa e que as previsões não passam de um suspiro de observação com os exemplos do que já passou... e erram!
O tempo é conosco como um algoz professor e eu, mesmo no orgulho de meus trinta e poucos anos, percebo o quanto ele é duro para transmitir o conhecimento relativo a eternidade. Observo os idosos e seu olhar calmo sobre o que ainda me surpreende, tudo aquilo que hoje me choca, é para eles, mais um evento conhecido... o tempo é assim e mais: quando se descobre uma gravidez, ele sabe das dificuldades, do desânimo e da felicidade que se revela quando aquele sopro de vida se torna um adulto.
É assim que vejo o tempo, e, assim como nos oportuniza o aprender, nos tole o direito à vida, tão rápida e bruscamente quanto gera. Então me pergunto perplexo: eu já fiz tudo o que queria? (é claro que não...) e o pavor: será que vou conseguir fazer nesta vida tudo aquilo que sonhei? E esta pergunta vara as mentes de todos, eu sei... viver 10 anos a 1000, legal, se apenas 10 anos forem o suficiente, mas, se não, pensemos ao final de cada dia: estendi minha mão? Dei aquele beijo no meu amor? Inspirei profunda e longamente o ar puro que me rodeia? Senti o gosto da comida que servi no almoço? Tive o prazer de encontrar minha família ao voltar para casa?
O tempo me ensina, me assusta e me faz pensar sobre o meu próprio tempo.
Abstrato
dcaberlon@hotmail.com