Novas praças, os mesmos velhos...
Eu cheguei a ver o ranger das tábuas,
Acompanhei formigas nos seus caminhos tortos,
Entre as chinelas e as cuias de chimarrão,
Vi passar os apressados e os desocupados do tempo.
Mesmo aquelas árvores,
Conheço o seu bailar,
Sei que somos hoje bem mais do que ouvintes,
Palavras que acabam por desrespeitar os homens,
Vamos viver então nossas vidas em paz...
Vi acabarem aqueles dias,
Vi a depressão corroer minhas entranhas,
Naqueles dias frios, vi os pingos de chuva,
Senti a neve corroer meus ossos,
Nos dias quentes, não ebuli,
Mas me derreti quando a conheci...
Desde aquele instante, os dias mudaram,
Novamente percebi que haviam chances...
Que poderia haver mais mundos,
Mais praças e mais vida...
Vi então brilhar um novo sol,
Numa praça repleta de novas flores...
Senti o cheiro do novo e me embriaguei...
Como uma bala de prata, acertou meu coração...
Daquele dia em diante,
Não mais tive de me entregar à sorte,
Fizemos os dias por nossas mãos apenas.
Demos as mãos e jamais,
Jamais uma nova praça vai ser meu abrigo,
Eu não vou deixar você ir embora...
Abstrato.