Um convite para pensar na vida
Pensar na vida enquanto vivo
O pensamento é um dos presentes que os racionais seres humanos possuem, apesar de pouco exercitarem. Hoje pensamos sobre a vida, sua finitude e, claro, nossa divina possibilidade como racionais de percebermos e estarmos conscientes desta finitude que ronda toda a nossa caminhada pela vida. Nossas religiões preparam/amedrontam seus fiéis para o dia do fim, para o quando não mais habitaremos nosso corpo terreno, tangível e que, para muitos, é o que representa a vida...
Aproveitar a vida
Muitos falam e defendem que devemos aproveitar a vida... (silêncio enquanto penso...) o que significa aproveitar a vida no individual cenário composto pelo acumulado de experiências que cada um carrega no livro de seus dias? Isso é muito individual, individual tal como sua digital do dedão direito. Mas, contextualizando para facilitar a abordagem... se evitássemos uma vida fria, onde escondemos o afeto para que não haja sofrimento, nos escondamos por trás de um grande profissional frio e metódico para que não nos descubramos afetivos, com sentimento, com medos e dores, com problemas e falhas. Além disso, deveríamos evitar a frieza das relações, de nossas emoções e da forma como encaramos e damos o toque de fervura das emoções que fazem com que a vida tenha seu tempero, calor e emoção. Aproveitar a vida é também não deixar-se escravizar com pensamentos e medos que nos impeçam de sentir a vida e dela fazer parte quando compomos um dia diferente em nossa rotina com um desafio, uma descoberta, quando fazemos algo que, pela primeira vez o fazemos, acumulando assim mais vida a nossas vidas. E por fim, crescendo através do conhecimento e do estudo, melhorando nossos atos, nossa alimentação e o formato híbrido com o qual podemos encarar as atrocidades, buscando melhorar, buscando alternativas. Agora mesmo, somos surpreendidos com a medicina que ao passo que levara sempre cerca de 10 anos para comprovar o sucesso de desenvolvimento de um imunizante, hoje, em menos de um ano, temos uma vacina para o mundo inteiro. Aproveitar a vida, é não passar por ela ou apenas deixar que ela passe enquanto ficamos de braços cruzados, tomando nosso chá, cometendo o gravíssimo pênalti de ainda, julgá-la: "pra você ver né, já estamos em maio...".
Sentir a vida
Nossa vida é muito curta. Curto é um contrassenso, um pour épater les bourgeois, pois se aproveitássemos melhor nossas horas, nossos minutos, a vida não seria curta, seria suficiente. Estamos acostumados a marcar compromissos de uma manhã inteira para um assunto que não precisa mais de 40 minutos, arredondamos um dia para resolver uma questão que não precisa mais do que 2 horas. Boicotamos nossa capacidade criativa em razão do tempo, devido. a nossa incapacidade de calcular, estimar e definir o quanto empenho do meu tempo nesta ou naquela função. Mas, não é meu intuito aqui representar o conceito Power Self, vamos nos economizar certo? Precisamos sentir a vida, mesmo tendo a sombra da previsibilidade do fim, como não sabes estimar o tempo de resolução de um problema, quiçá (dentro dos limites do possível) poderá você estimar o tempo que tem para sua própria vida. Sentir a vida... não permitir que esta seja pequena, que suas páginas sejam deixadas em branco, pois, quando fores retomar suas lembranças, espero que tenha muito o que ler na história dos seus dias. Torço para que não sejas medíocre, vivendo os dias mesquinhamente buscando o poder, o dinheiro e a dominação. Minhas preces são para que consigas ser forte, não mínimo, apertando a mão de forma rígida tal como quem está ali presente, a olhar em meus olhos como quem expressa o desejo honesto de realmente estar ali, presente e escrevendo com caneta, aquele dia.
Viver a vida
Viver a vida não é apenas sentir o seu coração a bater, tirar férias, respirar e ver o sol nascer mais uma vez. Na minha análise, o ato de viver a vida tem maior profundidade e envolvimento com o social que contempla nossa necessidade ímpar de existir em sociedade, em comunidade e grupo organizado. Viver e sentir a vida é ter solidariedade em sua rotina existencial, sentir no peito a alegria em êxtase por perceber-se parte de um ato que contemple o apoio, atenção e suporte para qualquer outro ser vivo, seja ele um humano ou um animal que possa beneficiar-se de algo que pressupomos, tenha seu envolvimento de qualquer forma. Passar pela vida sem ensinar o que se sabe, é usar de todo egoísmo, guardando o que tens a oferecer para a humanidade dentro de si mesmo. Considero isso mais do que um desperdício, pois esse conhecimento estraga, tal como aquela comida na dispensa, por isso, a necessidade de compartilhar, convivência em sociedade e a apreciação do seu conhecimento que, em troca, receberás ainda mais dos seus interlocutores e, assim, o mundo cresce através de um Master Mind capaz de produzir ainda mais conhecimento e mudar a nossa realidade. Viver a vida é deixar um legado, dar tudo aquilo que te sobra para que não atravanque o seu caminho dentro de sua própria casa. Viver leve, viver pelo prazer da vida festejada com todo o recurso que te cerca. Viver por fim, é equilibrar frequência e energia entre tudo que contempla o cenário de nosso infinito universo.
Vidas comuns
É fácil verificar aquelas vidas comuns, simples, mornas, desconectadas do mundo. Vidas que aguardam a hora do almoço e depois a hora de ir para casa e depois a sexta-feira e por fim, quando terão férias e morrem quando se aposentam por que viveram esperando o fim. Triste verificar que, em algum momento da vida, agimos e pensamos assim... pois bem, verifiquemos o que temos de comum, onde estamos jogando a oportunidade da vida fora por que pensamos que seremos felizes em um momento futuro, longe do que neste momento nos propomos a fazer, afinal de contas, não mais existe a escravidão e somos livres para escolher viver com alguém, trabalhar, relacionar-se ou estar em plenitude na solidão certo? Se o meu chimarrão esfriou enquanto olhava a vida passar, não é a vida, a cadeira ou a temperatura do dia os culpados por isso.
Eu finalizo, o que não terá fim, com a inquietude que carrego por jamais considerar-me satisfeito e deixar que a vida passe, sem que eu esteja ao lado dela vivendo.
Abstrato.