segunda-feira, 27 de maio de 2019
Das cartas da vida
Hoje a minha carta vai para aqueles que buscam o mistério, que apostam no escuro, no sonho e no sol do dia que ainda não amanheceu. Escrevo para quem busca o intangível, aquele que crê receber o pão sem um dia ter plantado o trigo, ou ainda, acredita que apenas por ter jogado sementes ao léu, há de colher algo.
É triste mostrar a realidade e parecer tornar torpe o desejo do homem em buscar sucesso onde não houve sequer o treino e a preparação para a vitória. Não é doce o gosto da verdade e, quem olha para o horizonte, saindo das cavernas da escuridão do medo, é doloroso pensar que o futuro não reserva ganhos ou ventura para aquele que não presume a falha ou o engano quando pensa apostar toda a sua vida em função de algo que o busque converter.
O ser humano busca sempre, o conforto na segurança dos pais, na segurança do dinheiro ou na segurança do divino, na religião que o acolhe comas palavras de conforto que o tornam o fantoche perfeito para a manipulação, fazendo-o de mais por quando, um seguidor daquilo que deseja o empreendimento do intangível.
Tão linda poderia ser a fé se não adornada pela ganância que corrompe a todos e acaba por dar asas para a imaginação dos empreendedores que transformam esta, no motivo de suas vidas para ganhos pessoais, distantes do que seria, como função, o foco de uma crença que elevasse o ser humano para um patamar de esperança, onde aceitar a dificuldade do viver seja mais simples, com o amparo do que não se pode tocar.
Abstrato.