Dênis Caberlon
Anotações Gerais
25 de outubro de 2018
Eu também sou um dinossauro apavorado!
Gil Giardelli apresenta num prisma futurista, a visão dos estudiosos que, estão vendo aquilo que em 10 anos será realidade em nossas vidas se a ciência criar, a indústria produzir e os clientes comprarem. Um formato de abordagem diferente de qualquer publicação ou palestra que outrora houvera visto. Um mondo virtual criado através de vídeos do que está sendo produzido como uma viagem através de uma maquete 3D de um shopping que ainda não existe e que nos traz produtos nas suas vitrines que ainda não foram inventados. Mas, com algumas certezas que nos capacitam a perceber que, precisamos aprender, cada vez e a cada dia mais para que não sejamos superados naquilo que acreditarmos sermos mestres.
"Uma pessoa para manter-se atualizada precisa estudar 160 horas por semana."
Faça as contas, quantas horas lhe sobrarão: 24 horas em um dia, 7 dias em uma semana... total: 168 horas.
Introdução
O fim do mundo Vuca.
VUCA é uma expressão utilizada nos anos 90 pelo exército americano para descrever a volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. Esta sigla, largamente adotada pelos estudiosos da tecnologia e sociedade para expressar a sua visão sobre a sociedade e a realidade atual.
O professor apresenta a teoria da panarquia, onde essa complexidade tecnológica, a evolução dos meios de comunicação e a quantidade de informação e conhecimento registrados pelo ser humano ultrapassou em 2013 os 5 zetabites, e já duplicou duas vezes até os dias atuais. O que significa portanto, falarmos sobre a anarquia gerada pela disrupção da informação e a criação de novos sistemas de aprendizado, governo, informação, geração de conteúdo e seus controles, leis que caibam em um novo mundo digital, eletrônico e assimétrico no seu crescimento, em relação direta ao seu controle. Como dizer que, estamos à beira de uma fissura geológica-digital que vai mudar a forma de pensar do ser humano nos próximos anos, a sua maneira de aprender assim como sua velocidade, para que, possamos acompanhar a evolução sobrenatural das coisas com o apoio da inteligência artificial.
A motivação dessa mudança se dá pela colaboração humana, pois, desde os egípcios, sabemos, a colaboração capacita o ser humano a realizações muito maiores quando há apoio à criação e a junção das forças. O que defende Napoleon Hill no livro A Lei do Triunfo. Somando as forças, o conhecimento e a inteligência artificial, o que se poupa de esforços em cálculos e previsões, testes virtuais de impacto e reação. O Ser humano está prestes a dar um passo maior do que aquele dado quando surgiu com um motor a combustão interna. Além disso, abordamos também a incansável força da inteligência artificial na confecção de cálculos e previsões, suposições que um ser humano talvez não fosse capaz de realizar com precisão e em tempo suficiente em relação a sua existência terrena.
Comenta o professor, trabalhar em um prédio envolto por vidros que representa uma folha de papel amassada, que identifica que nenhuma ideia vede ser jogada fora, pois a grande maioria das criações é baseada nas experiências do passado, somadas ao conhecimento e uma necessidade que pode conceber o novo. Cito: quanto puxa-se o estilingue em direção ao passado, somos impulsionados ao futuro.
O processo de evolução e criação que, inicialmente por um autor era estimado em uma curva de 100 anos, foi revista e reduziu para menos de 20 anos, no momento atual, essa curva é de apenas um ano. Sugere que 3 pessoas tem a mesma ideia simultaneamente e que, o normal é o lançamento desta em um prazo de 10 anos, hoje, se não houver o lançamento em um ano, alguém lança ou a criação se perde. Grande exemplo dessa velocidade entre a criação e seu auge comercial é UBER citado como tendo tido a ideia na virada do ano quando táxis devido ao momento e a ausência, estavam muito caros e procurados, o valor aumentou, assim, o preço da corrida, em um simples guardanapo, o desenho de uma ideia que hoje é uma grande empresa de sucesso que trouxe a liberdade econômica e uma alternativa à única possibilidade de locomoção por contratação de deslocamento pré-determinado.
Comenta sobre exemplos como na Universidade de Stanford onde abelhas são concebidas para polinizar flores, fazendo isso com 10 vezes mais eficiência do que nossas abelhas que conhecemos. Ainda, exemplos nacionais onde o emprego da robótica controla pragas, faz a poda perfeita e identificar plantas doentes ou com alguma anomalia, analisando as plantas.
Mais um exemplo que fecha a introdução ao assunto automação e performance na produção como auxílio da robótica é a fábrica brasileira da Renault que, quando adquirida foi fechada por não ter automação suficiente, e, com as políticas fiscais e leis trabalhistas brasileiras, impossibilitaria o sucesso da operação.
Forças disruptivas da Inovação
Trazendo exemplos diversos da indústria 4.0, elenca novidades sobre as empresas que entenderam que não sobreviveriam sem a inovação tecnológica sem que houvesse a inclusão cibernética na sua linha de produção, o conceito de comunicação digital entre fornecedores e alimentadores desta linha em um círculo digital contínuo que os interligue. A internet das coisas somada à computação em nuvem, complementa o conceito da indústria 4.0 onde, abaixo, veremos alguns modelos de sua criação, de sua inovação na busca pela performance, qualidade, agilidade e competitividade.
Design Biológico
O desenvolvimento de materiais extremamente resistentes como tijolos que suportam incríveis temperaturas sem perder a sua forma e resistência original, confecção de prédios montáveis, viabilizando a construção de um prédio de 53 andares em menos de 2 semanas e a Zara que, evitando custos fiscais, coloca nos navios suas fábricas autônomas que produzem em alto mar suas coleções de roupas enquanto os navios deslocam-se para o destino da produção onde será vendida.
Lagarta transformadora
A lagarta capaz de consumir polietileno (plástico) e que o resultado é uma cera que pode ser a nova seda na produção de malhas de alto padrão. A descoberta sugere que, tão logo um novo ecossistema seja incorporado em nossas vidas, tranformando o que é hoje um dos maiores vilões da natureza na fonte para a transformação da indústria da moda devido ao que nos tornamos capaz de reinventarmo-nos com a utilização de uma larva que atacava as colmeias alimentando-se da cera das abelhas e, para concretizar a descoberta, a ingestão de plásticos por essas larvas, não afeta sua saúde já que enzimas e bactérias que utilizam na digestão deterioram completamente os polímeros da matéria.
Nestlè
A empresa vendeu parte de suas operações e algumas marcas, investiu em um speacker que conversa com as crianças e explica sobre qualquer comida, fruta, tirando dúvidas das crianças, sugere receitas, etc...
Land Rover
A Land Rover está investindo fortemente nos veículos autônomos e tinha problemas em relação ao medo que estes "monstros" causavam às pessoas por serem feios e não terem relação com seres humanos ou animais. A aceitação dos seus robôs aumentou com quando eles colocaram "olhinhos fofos" em suas máquinas autônomas e a aceitação das pessoas em conviver e dividir espaço com esses robôs aumentou e expandiu seus horizontes na aplicação destas máquinas cibernéticas.
BB-8
O droid BB-8 já é o objeto mais vendido da Disney, ultrapassando o boneco do Mikey e qualquer outra peça da franquia. O droid lançado anteriormente ao lançamento do filme que traz o personagem, na edição O despertar da força que é capaz de assistir com você o filme e reagir aos momentos do filme, uma ação complementar da franquia Star Wars que culmina em um sucesso de vendas.
Nutella
A Nutella não poderia mudar a fórmula do seu produto, agiu na embalagem, criando com as 4 cores básicas, milhares de embalagens diferentes e fazendo com que o cliente que anterior à campanha comprava apenas uma unidade de Nutella, passasse a levar 4 unidades com os potes colecionáveis.
Países Inovadores
Quando falamos em inovação, olhamos para o presente e para o passado para chegarmos a um modelo de crescimento. Hoje, o ser humano é 26% mais inovador do que a sua geração passada.
Na avaliação de países inovadores, o crescimento tem sido pobre, colocando a China com 40% de inovação, México com 27% de inovação e o Brasil, lá no final da lista com apenas 9%. No limite dos países desenvolvidos.
Dolce Gabbana
A empresa Dolce Gabbana inovou em um desfile utilizando drones no desfile de bolsas, dividindo espaço com as as modelos. Em fevereiro de 2018 vimos portanto, a evolução mais uma vez, trazendo eletronicamente, peças para as passarelas, enfatizando que a moda, a modernidade, a evolução tecnológica não apenas na produção, nas linhas de montagem de produtos, mas também na sua apresentação para o público.
Levis
Levis cria jaqueta que auxilia ciclistas e motociclistas nas atividades de condução, como indicação de conversões, volume e controles de aplicativos de música, material preparado para proteção, sensores diversos espalhados pelo tecido indicando até mesmo o período fértil da mulher.
Engenharia de produtos
Hoje já podemos através de uma amostra de nossa saliva, receber uma cerveja perfeita para o nosso paladar, baseado no nosso DNA, nas informações que são coletadas a partir de amostras da nossa saliva. Assim como uma gama imensa de produtos, tal como como a agência de viagem que, de acordo com a análise da sua ancestralidade, define o pacote de turismo que mais vai lhe agradar com o itinerário perfeito para cada pessoa. Por fim, um hotel que, com um capacete que lê ondas cerebrais, cria o ambiente com cores e formas perfeitas para cada hóspede.
H2H - Human to Human
A tendência de todos os serviços e produtos que, são comodities, que não tem novidades em sua concepção, é trazer experiências mais humanas ao seu consumo e conteúdo. No ambiente, na experiência do cliente, nas sensações ou expressões, incluindo distinções que parecem tão transparentes e que, definem o público que consumirá este produto, como representantes de uma nova categoria ou mercado consumidor.
Os exemplos são vastos e multiplicados em diversos setores da economia e produção, tal como a cafeteria que adapta cores e músicas de acordo com o perfil do cliente, criando um café com 5 sentidos, com leitura cerebral para oferecer experiências mais completas para os clientes como a loja da Cocco Chanel que a partir da leitura cerebral, molda toda a experiência de acesso à sua loja. Uma loja que criou um tobogã interno na sua loja e, com a utilização de um óculos 3D ofereceu uma experiência digital diferente aos seus clientes, como resultado, o estoque estimado para 1 semana em sua loja, esgotou-se em menos de 1 dia. Ainda podemos citar fones de ouvido que, além tocar as músicas preferidas por bluetooth, pode traduzir simultaneamente uma conversa em mais de 30 línguas e fazer com que uma pessoa falando português, converse com outra pessoa que está falando em mandarim.
Novidades da ciência
A ciência, com o apoio da automatização, a cibernética e informática, com o conceito da indústria 4.0 faz com que tenhamos um novo modelo de criação, de produtos e serviços que chegam ao mercado em um tempo impensado a 10 anos atrás. Além disso, a velocidade das mudanças faz com que tenhamos que absorver mudanças de forma muito mais rápida e com a agilidade que confere nossa capacidade de evoluirmos profissional e pessoalmente para mantermo-nos dentro dessa montanha russa de novidades, sensações e experiências que transformam o conceito do novo a cada dia.
Hoje, eu vejo muitas pessoas com a síndrome da inércia da inovação (conceito apresentado pelo professor Gil) onde configura-se uma sociedade que trava frente a novidades, que não sabem como agir ou interagir com a automação, com a evolução de algumas aplicações da tecnologia, como por exemplo, a experiência de deixar que um robô leve sua bagagem através dos corredores do aeroporto, e, por muitas vezes, lendo o seu cartão de embarque e lhe conduzindo até o portão de embarque correto. É demais pra você? Chocado ficaremos com o táxi aéreo apresentado na Arábia Saudita que leva os clientes sem que haja um piloto. Um drone gigante com capacidade de deslocamento sem a intervenção humana.
A BMW por sua vez, aposta que o ser humano quer ter uma vida mais leve quer levar menos peso na mochila da vida e, já prepara-se para oferecer carros que você contrata, aluga de forma autônoma, na rua, vai até o seu destino e o abandona, deixando-o estacionado no seu destino, pensando no público que não depende diariamente de um veículo, que não tem garagem, que não deseja ter um seguro, a necessidade de lavar, fazer manutenção ou preocupar-se com um bem chamado carro. Uma empresa que visualiza que as pessoas em um breve futuro não terão mais veículos para deslocamento diário e sim, poderão precisar de um carro para uma viagem em um final de semana ou em suas férias. É a indústria analisando o formato de consumo dos seus consumidores e até mesmo, aqueles que hoje não são seus clientes por conta de um posicionamento mais consciente com a natureza e a sustentabilidade.
Já a Honda, em um novo carro que funciona a partir de hidrólise, capta hidrogênio retirado do ar e transforma o resultado da sua combustão em água pura, essa água é vendida pela Honda como sendo água potável. O primeiro veículo produzido e disponível apenas no Japão é o Clarity Fuel Cell que funciona com células de combustível e transforma hidrogênio que extrai da água para gerar energia. Utilizando-se de um módulo chamado Power Exporter 9000, o carro se transforma em uma usina de energia elétrica e, com o tanque de alta pressão de 70Mpa cheio, pode alimentar sozinho a energia para uma casa pelo prazo de sete dias ininterruptos sem a necessidade de abastecimento.
O Toyotismo, evolução do fordismo, mudou completamente a esteira de produção dos veículos, iniciado logicamente, pela Toyota, ganhou força graças ao neoliberalismo, o aumento da produção que ultrapassou os limites do pequeno país quando passou a exportar para todo mundo seus veículos. Esta evolução da indústria também trouxe a flexibilização dos sistemas de mecanização, armazenamento de produtos em estoque, funcionários qualificados e multifuncionais com treinamento para atuação em diferentes etapas do processo construtivo. O próprio método Kanban foi introduzido neste processo construtivo através desta evolução, acompanhado pela qualidade total. O Toyotismo também nos apresentou o termo Just in Time para todo o mundo, sistema que auxilia na redução dos desperdícios de produção, tempo e qualidade além de incluir pesquisas de mercado para ouvir os anseios dos clientes e produzir produtos que sejam direcionados às expectativas dos clientes.
A Arábia Saudita concedeu em outubro de 2017 a cidadania para Sophia, um robô produzido em 2015. Sophia foi projetada para expressar em seu rosto cibernético, 62 expressões faciais, além de aprender, adaptando-se ao comportamento humano e trabalhar com seres humanos. Sophia é um robô humanoide que em uma de suas diversas entrevistas categorizou o ser humano como atrasado e despreparado para conviver com uma raça diferente da sua.
Quando você percebe que escreveu a palavra "disruptivo" e seu editor de textos a grifou por não existir no dicionário, vemos que, o mundo mudou e as tecnologias evoluíram de maneira desproporcional até mesmo para o nossos dicionários! Jorge Paulo Lemann definiu a si mesmo como um dinossauro apavorado, pois, mesmo sendo o homem mais rico do país, dono das redes Ambev e Burger King e detentor de uma fortuna estimada em 27 bilhões de dólares, ele está apavorado pois vender o comum e ser dono de empresas históricas de nome mundial, não é mais o suficiente para fazê-lo recostar-se tranquilamente sobre sua fortuna, pois o mundo digital, a inovação passa pelo ramo alimentício, ronda mesmo aquele que pretende montar um sanduíche e revender um refrigerante.
Conclusão
Não há como dar como concluso um trabalho de resenha sobre novidades de ontem, pois o que concluo hoje, não será mais novidade amanhã e durante os minutos dessa dissertação, quiçá apenas 12 invenções novas entraram no mercado e farão parte de nossas vidas nos próximos anos.
Dênis Caberlon