quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Olhos vazios

-Chame a atenção fazendo o bem-

Mesmo que procure pela mais tranquila e delicada forma, jamais conseguirá olhar nos olhos de um andarilho e ver a ternura pela qual concebe o seu desprezo pela aparência abatida, pela incerteza da sua própria segurança.
No vazio de um olhar descrente para a vida, nos vemos ilesos, inertes ao que compreende a realidade daquele que tem desamparo como cobertor, solidão como endereço e a miséria como identidade. E mesmo que já tenhamos visto tantos, ainda pensamos que, são responsáveis pelo seu destino e pela condição em que se encontram. Lê-se encontram, não se colocam.
Nosso mundo hoje está recheado de convicções que avalizam a conduta do desprezo social e enevoam os olhos daquele que tenta perceber diferente como a sociedade discriminatória ainda coordena a nau desta escravidão e já nos primeiros anos de vida, aprendes que deve trabalhar, deve estudar, se alimentar e ter uma vida segura para não se tornar tal como aqueles que, consideramos menos do que animais, estão a mercê da crueldade e da cegueira social que os envolve num manto de perversidade.
Se a instituição de uma confederação não preocupa-se em tratar o problema, não tem uma política de inserção social, não dá um exemplo fatídico que estimule toque a alma das pessoas, o que esperar daquele que corre na rua para não perder a hora e o emprego? Que está à margem de tornar-se mais um a dividir a marquise seja no sol, ou na chuva. Se não temos como hábito a doação e o desprendimento em função do próximo, estamos estendendo a mão para quem? Estamos apenas ajudando os poderosos a terem mais poder? Se não olhamos para quem mais precisa, quem precisa, mais do que tudo somos nós mesmos, voltar os olhos para nós mesmos e percebermos que não somos e jamais seremos completos enquanto vivermos para alimentar nosso próprio ego.
Trabalhamos e perdemos a saúde para ganhar dinheiro e trocá-lo por remédios, para nos cercarmos de tudo que possa aliviar a dor da mente, a dor de sentir-se apenas um parasita social que não toca o barro para dar-lhe forma, apenas, permanece assistindo o derrotar das ações sociais individuais.
A impenetrabilidade dos corações hoje manifesta claramente como nos tornamos parte das máquinas que operamos, menosprezando sentimentos, ignorando a razão da vida e do fundamento de sociedade que nos aproximou e formou por fim, os núcleos de inter relacionamento que hoje desfragmentam-se ante essa cegueira social.

Gente, ser social não é ter likes no face, ter mais grupos e amigos no whatts ou seja qual for a plataforma digital de relacionamento, ser social é estar em meio as pessoas, é ser útil e fazer desta premissa, uma maneira de ajudarmo-nos a evoluir, nos tornando melhores através das nossas atitudes e a experiência que acumulamos sempre que interagimos com nosso semelhante.

Seres humanos que trabalham e interagem socialmente são mais evoluídos, mais felizes e, logicamente, sociáveis... enquanto baixa a cabeça  fecha-se dentro de si mesmo, fecha a porta para um novo mundo, deixando de ter valor, deixando de ser útil até que não seja mais suficiente se quer para si mesmo. Se o ser humano é impulsionado a fazer parte de um ambiente social e esforça-se para isso com as suas atitudes exibicionistas, melhor então seria, exibir-se ajudando a quem precisa ao invés de abrir um leque colorido de penas - como um pavão - que não agrega valor ou função qualquer para aqueles que o rodeiam.


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