Nunca percebermos quando algo está acabando.
E assim nos pegamos no final do pacote de salgadinho, sem o suco e o refrigerante, assim como o tempo e mesmo, nossas oportunidades...
Não pensamos que chegará o dia em que perderemos pessoas queridas em nossas vidas, não prevemos o eminente fato de que vamos chorar a partida, a falta que faz quando alguma coisa ou alguém deixa de fazer parte das nossas vidas. Nos acostumamos com a presença persistente das coisas, de nossos bichinhos de estimação, assim como, qualquer porciúncula de nossas vidas e do nosso convívio contínuo e, nesse acostumar-se, deixamos de dar valor e atenção para aquele brilho no olhar, o sorriso constante e a força inacabável que acompanha quem está ao nosso lado.
E na certeza do acabar, do fechar das cortinas ou do apagar das luzes, vemos que o dia acabou, a vida acabou e o que nos restou foram apenas as lembranças inatingíveis pelas nossas mãos e a vida muda. A mudança que nos causa o desconforto nos mostra uma nova rotina, tão nova e repleta de quinhões que dividem-se entre aqueles que fazem parte de uma rotina que parece inalterável. Quando o tempo nos consome, degrada também o que é ruim. Não são apenas as coisas que consideramos boas que se vão, afinal de contas, o que hoje te parece doce e saudável, mostrará logo mais que não se trata disso e sim, a tua visão que considerava dessa forma o que foi tão nocivo para a tua vida e tua evolução pessoal. E se não temos a verdade absoluta em nosso julgamento, perceberemos apenas mais tarde aquele amontoado de erros que cometemos no dirigir sem rumo de nossas vidas cheias de filosofias e parâmetros que regem a nossa realidade mas não o nosso futuro, e tão pouco, mudarão nosso passado.
Não é a minha intenção mudar o mundo ou a forma de como verdes o teu mundo, ou o prisma que coloca as cores na sua íris, mas provocar a reflexão, para olhar o teu próprio passado e concluir que, todas essas verdades imutáveis que hoje são claras mentiras, não são são o resultado de alguém de pouco caráter que te magoou e sim, a crença e a aposta de que alguém poderia ser perfeito quando pelo que sei, nem nós mesmos o podemos ser.
Mas oferecer o amor, a dedicação jamais será um erro, assim como quando escrevemos palavras doces ou mesmo duras, estamos dividindo a aflição de nossos corações que, com o tempo que temos para esperar pelas conclusões do tempo, estamos crescendo e aprendendo sincronizadamente com as lições que ensinamos a todos aqueles que ousaram cruzar nossos caminhos. E assim, o mundo vai se tornando sempre um novo mistério a cada novo dia, nos mantendo vivos, em busca da verdade e da felicidade que, demoramos a perceber, compomos a cada estrofe, a cada escolha...
...mesmo quando esta escolha
seja simples como continuar amando,
continuar ao lado de quem escolhemos
para mais um dia,
para toda a vida.
