Estive pensando na insensibilidade do ser humano com o seu próximo, em relação a forma como encaram de forma natural frente a um problema, ou dor causada por um sentimento.
Cheguei a conclusões tristes, infelizmente. Não é possível entendermos um sentimento sem tê-lo conhecido, como também, impossível é saber o gosto de uma fruta sem que a tenhamos saboreado ao menos em uma oportunidade. Da mesma forma, não entendemos amor, piedade, compaixão sem que estes sentimentos não estejam em nosso coração e, uma colocação que presenciei hoje me trouxe à essa conclusão: somos céticos. Porque vemos o que queremos ver, o que nos interessa ver, assim o cérebro humano - preguiçoso, não registra o seu trajeto comum e diário de forma completa, ele apenas lembra do buraco na estrada, dos pontos de perigo ou, daquele lugar de que gosta mais, pela vista ou pela tranquilidade. Não mais do que apenas interessa e pode causar surpresa, fazendo com que, não vejamos casas, árvores e outras figuras que sempre estiveram ali e por elas, cruzamos todos os dias.
Essa ausência da crença na verdade, na realidade ou mesmo em perceber com a mínima sensibilidade um cenário que somos inseridos, nos faz duros e secos, vazios do que seria o mínimo esperado por aquele que sente, aquele que sabe o que sente. As ciências humanas que buscam por interpretar sentimentos, sonhos, reações e ações, calculam de forma imprecisa o que a alma humana e o cérebro produzem, mas, difícil é, incluir na fórmula da resolução de um problema o histórico. Tudo aquilo pelo que um indivíduo houvera passado para chegar às suas conclusões e sua realidade, exatamente o que o coloca neste estado de sensações.
Não há como precisar, não há como resolver, mas sim, como uma lanterna na escuridão, podemos oferecer as gratuitas atenção e sensibilidade, o apoio e a atenção àqueles que precisam em dado momento de apenas compreensão. É, talvez, o que podemos fazer sem medo de errar ou passarmos por insensíveis e, ao exercitar isso, passaremos a entender um pouco mais de como a vida pode ser mais simples e menos aprisionada, mais clara e menos lisérgica para quem hoje não vê além do que atravessa pela distorção de luz e sombra, sua própria retina.