segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A distância e a saudade nos transformam

É de conhecimento geral - creio - o significado da palavra saudade. Saudade que se concretiza e origina-se da distância, de um adeus, por vez, pela fatalidade e rispidez da finalização da vida terrena, inesperada e surpreendente, mesmo sendo presente sempre.
A distância de uma pessoa, faz com que a vejamos melhor, lembramos momentos bons, lembramos com saudade do sorriso e do bem estar, justamente, daqueles momentos bons, e, da mesma forma, o que insere este preâmbulo ao texto que se pronuncia.


Hoje concluí com um amigo: brasileiros que não moram no Brasil são mais patriotas do que nós que deles jamais saímos, assim como, quando saímos do nosso estado de origem, nos sentimos tão bairristas e aflora todo o amor que oculta-se na rotina, das pequenas coisas, momentos e pensamentos que compõe essa distância... é fato, o chimarrão quando fora daqui parece um presente divino quando o conseguimos alcançar, tal como o feijão - nosso típico prato feito e deixado de lado a qualquer honraria pomposa que o dispense, quando distante e inalcançável, nos é tão mais agradável...

Mas porque? A verdade sobre a máxima: "Só damos valor depois que perdemos" é válida e aplicável a tudo, mesmo o cheiro de mato do interior e o cheiro da primeira chuva de verão que cai na terra quente. Mesmo quando pensamos e lembramos saudosos sem preconceitos daquele gosto de achocolatado com leite morno que nos era entregue antes de partirmos para a aula matinal. Cada um com sua experiência particular vai lembrar da saudade de seus cachorros, saudade da família que por certo tempo da vida quis ver longe para que não houvesse controle sobre tua agenda e rotina e agora, umedece o olho quando lembra do olhar de ternura da mão quando lhe repreendia ou do pai quando lhe castigava ceifando o direito a qualquer coisa importante que já nem mesmo poder ser recordada sem válido esforço...

E assim vamos nos transformando, valorizando pequenos cacos de um presente passado, um pretérito quebrado em pedaços de futuro que nos obriga adultos e responsáveis, nos faz conceber com obrigatoriedade a resiliência em relação a nossas fraquezas. Deixa portanto, guardados momentos que com o tempo, relembramos saudosos e logicamente tristes, pois algumas destas lembranças, pelas alterações que a vida nos impõe ou mesmo resultantes das nossas escolhas, se faz impossíveis para uma reedição alterada pelas rugas do rosto dos atores.

E assim nos fazemos, nos refazemos e então, nos reencontraremos no campo das saudades, valorizando o que num passado não distante, era a rotina que nos deixava exaustos e insuportavelmente colocados em nosso presente.

Faz portanto, degustar o presente com todas as glândulas, guarda momentos bons do teu presente por pior que vistam-se ou deixem-o embalado do plástico translúcido pela nossa falta de sensibilidade em perceber especial que seria nosso momento único, caso não houvessem nuvens em nossos olhos que nos fazem pensar errado e impedir que vejamos a realidade e nossa vida - linda como ela é!









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