segunda-feira, 28 de julho de 2014

O urso humano e suas cavernas

É no inverno que alguns hibernam - outros, jamais acordam...


     Sim, porque manter-se alerta quando não há abundância de comida, quando não há sol para aquecer-se, quando os dias são curtos, os rios congelam e a vida torna-se um desafio escaço que não lhes dão plena condição para sobreviver, para lutar pela vida e para, enfim, continuar a escrever a sua história? Aconchegante se torna portanto, o fundo da sua caverna, aquecido pela gordura acumulada que consome como suas reservas de um armário gigante até que a natureza volte a lhe dar condições de viver e ser feliz novamente. É nesta letargia de sobrevivência que prova-se diversas teorias sobre localização, adaptação do metabolismo e a cultura de cada região que faz copiar e condicionar cada ser vivo, na sua capacidade de adaptação para a sobrevivência. Diretamente proporcional, a ignorância em relação a razão e a busca de qualquer forma do crescimento e da evolução, são desconfortáveis em relação ao que já dispõem e, desta feita, apenas àqueles que não ajustaram-se ao singelo conceito compreendido pela normalidade, é que conseguirão inovar, no desconforto e na inquietude do questionador que difere o gênio de operários cegos.

     Quando assim vemos a rotina, o frio do inverno que coloca a todos em suas cavernas, armados de subterfúgios de calibre, capazes das mais homéricas argumentações para evitar deixar o aconchego de sua furna. Nestes casos, os homens também encontram a letargia de sua própria existência, onde, deixam de produzir e relacionar-se por conta exclusivamente, do manter-se aquecidos no artificial aprisco, mesmo que com isso, acabem por cometer o escambo da vida social pela sua incapacidade de adaptação. O que podemos nós dizer sobre qualquer destas realidades, se, mesmo nós agimos de tal maneira por impedir a evolução do mesmo, aumentando a distância entre pensamentos solitários e o relacionamento social que exercita o senso de convivência, liberta a mente de pensamentos desgastados e viciosos, desmentindo o pré conceito que nos consome a alma e turva a visão clara do mundo e das pessoas que a compõe.

     É pelo intuito de pensar no tempo que se perde dormindo, hibernando sob as verdades velhas e ultrapassadas, pelo consumo exagerado da mídia que tem como único intuito vender-te apenas o que é mais vantajoso no que lhes convêm, não que venhas a precisar, mas sim, porque temos a necessidade do consumo para compreender vida à caverna, justamente quando nos falta calor na alma, nos falta a vida do presente que vivemos em constante prostração, escravizados por aquele mesmo medo, que te faz comprar seguros para sentir-se protegido, deixar de viajar  por conta do medo que tens daquele insensato que busca com tamanha intensidade os limites que acaba por encontrá-los no final de um segundo, após o descuido da tênue linha que o separa da última estupidez que podá vir a cometer. No rastro dos medos, encontramos os motivos que enlouquecem os homens sem que haja tortura, afogando-os na iniquidade de suas rotinas mórbidas. Viaje pela estrada do medo e encontrará aqueles que nunca conseguirão ser mais, nem menos do que coadjuvantes, fantasmas de um história que não tiveram iniciativa de viver.

      E assim seguimos a vida, deixando de evoluir, pois sentimo-nos de tal forma evoluídos que consideramos poder controlar e prever nosso futuro, como se resguardarmo-nos nas cavernas de do falso conforto e da ilusória segurança, nos fará alcançar o futuro, permitirá a vida longa e desenhada pelos sonhos que temos todos. Acreditando na eternidade que compõe a expectativa, que buscamos nas preces. Mas o que fazemos, não é nada mais ou diferente do que, matarmo-nos desde o nascimento, com a comida, com o isolamento e pior: com a cultura de considerarmo-nos mais capazes, inteligentes, intocáveis e capazes de resolver qualquer problema com ferramentas terrenas de baixo impacto...


Fantoches do consumismo, morcegos e ursos da iniquidade de uma vida vazia e cavernosa, retardada no tempo...o homem parou de evoluir a partir do momento em que se considerou e assumiu-se como ser inteligente... e aqui estamos nós, correndo atrás do próprio rabo - já que consideramo-o o mais lindo e perfeito rabo do mundo sem perceber que o rabo, denota a própria falha na evolução.



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