quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Cultura de Areia

Estamos ainda em época de praia, o que me faz pode resgatar um bom exemplo para um assunto que temos que abordar: a deterioração das coisas...

Quem já não dilatou a sua veia artística nas areias das praias no projeto arquitetônico do velho castelinho de areia? Bom, quem sabe o filho ou o filho do cunhado que divide a morada na temporada? Ou ainda aquele menino ali no guarda-sol ao lado...
Enfim: cria-se a idéia enquanto coleta-se a areia umedecendo-a, o morrinho se cria, e dele criam-se figuras, inserções e com palitos de picolé, ou qualquer espátula ali disponível, com a delicadeza de uma manicure, formam-se torres e janelas, forma-se a expressão tangível do desenho mental daquele único e espetacular castelo! Depois de acabado, ganha pátio, pontes, cerca, as vezes carros e outros objetos que o cercam – assim como a piscina que se forma do buraco de onde saiu a areia que o criou...
Pois bem, creio que todos já desenharam mentalmente o castelo, ou ainda, lembraram daquele último criado.
Mas o que acontece depois? O impiedoso mar vem e acaba com ele, deixando sequer os rastros de uma obra de arte que jamais poderá ser recriada em sua íntegra e especial detalhe, quiçá, copiado.
Trazendo meu exemplo veranista para a realidade cultural da cidade, me saltam exemplos que, ao menos os mais velhos lembrarão, exemplos de empreendedorismo, criatividade e iniciativa de alguns iluminados conterrâneos que hoje tem apenas a lembrança e algumas fotos -talvez - de seus castelos que o mar da hipocrisia e descaso acabou por lavrar de nossa rotina, deixando a cidade cada vez mais carente de soluções culturais e locais que trariam ainda hoje, possibilidades de interação social, divertimento e cultura para uma cidade que se rotula patrimônio histórico, intitulada turística e moderna, a receber estrangeiros para entender e interagir com a cultura brasileira e italiana...
Sim, falo do Velho Moinho, do Bel Pin, Del Pin, do Cinema, do Teatro – qual ficou apenas o Clube (pela fonte de renda é claro), assim como tantos outros exemplos, virtuais como sites (http://www.eunaoligo.com.br) criados para divulgar eventos e a união de uma geração que celebrava a amizade e os encontros que, mesmo lisérgicos, traziam uma interação social que hoje é desfragmentada e envolvida pelas águas de uma repressão silenciosa que mina as expressões culturais de uma juventude carente, que se apoia em bases infundadas de um procedimento correto, de uma linha ereta -mesmo que imaginária – da retidão do caráter daqueles que hoje aqui vivem e crescem paralelos aos preconceitos.
Convido todos os sagazes leitores deste humilde que lhes escreve a procurar pela história e pelos motivos que levaram cada uma destas iniciativas a tornarem-se o que são hoje: lembranças. Buscar de maneira investigativa, compreender porque a cultura e a expressão dos jovens é ainda esmagada, arrastada como a areia da praia pelo mar nebuloso daqueles que não respeitam o espaço do jovem pradense que, se julgado completamente acéfalo, prova seu valor quando participa de sociedades responsáveis como Lions, Escoteiros, Associação dos Universitários e tantos outros grupos que são formados por estes jovens tolidos do direito da expressão e da diversão.

Aos Políticos e Empresários: ofereçam alternativas, apoio e subsídios além de apenas cumprir com um calendário social histórico (Noite Italiana, Mostra Del Paese, etc...).

Aos jovens: não desistam de seus planos, continuem a construir seus castelos e sonhar com a sua valorização... é disso que se forma uma história!


Abstrato.

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