segunda-feira, 20 de maio de 2019

Da epopeia ao absurdo

A expressão de um modelo de organismo



Hoje decidi cumprir com aquele compromisso que assumi de concluir, ou ainda, dar andamento ao assunto que deu o toque da mais recente publicação neste cartapácio desregrado em sua frequência.

Pois bem, ao que toca dar o passo e ritmo deste, que foi o passeio que incentivou de forma gratuita para que eu viesse a escrever sobre tal, não para que, de alguma maneira, venha um leitor a aventurar-se no mundo das duas rodas, mas sim para que, seja este um adepto, motociclista ou simplesmente um letrado que desapercebido se viu a ler esta composição, indico, anteriormente a este mergulho, visitar a postagem seguinte de forma a traçar e acompanhar a sequência que culmina nesta expressão.

Falávamos sobre colocarmos os capacetes, repassar aquela oração pessoal sobre tudo de importante que existe em nossas vidas, onde, pedimos pela iluminação divina, outros, simplesmente, agradecendo por fazer parte de tal momento e poder ali estar compartilhando daquele momento social que integra, aos colegas, aquele doce sentimento de grupo. Partimos no efêmero tempo em que nossas vidas permitiram a reunião de tal número de integrantes que, puderam, em sincronia, estarem presentes neste passeio, à deixar famílias e demais variáveis de suas vidas no retrovisor de suas motocicletas. Partimos portanto com os olhos atentos aos comandos vindos do então eleito líder, que nos conduziria no percurso então estipulado.

Passando por desafios, trechos de nebulosidade onde o trânsito sufoca a beleza da paisagem e dissolve o ar da montanha como monóxido de carbono que caminhões jogam despudoradamente em nosso caminho. Vencemos desafios dos perigos das curvas, com a habilidade de bailarinos, o comboio segue, apontando irregularidades e perigos do caminho para cada componente do trem figurado que curta estradas intermunicipais, deixando limites para trás e alçando novos horizontes a cada curva.

Assim o caminho se faz, com gestos, numa linguagem corporal que tudo indica, os integrantes seguem a combinar a estratégia e o desafio vai se tornando cada vez mais prazeroso, vencida a serra, alcançando os campos onde os olhares se perdem no limítrofe encontro entre o céu e a terra, os pensamentos deixam de ser responsabilidade, traçam suas próprias vias e perdem-se no distante confim de nossa alma.


De cada parada no caminho, imagens que compõe o livro de nossos dias vão sendo naturalmente escritas, dando o tom e o sabor do andar despreocupado, do conhecer novos horizontes e mostrar para a alma, quão importante é o tempo que temos, ou que, reservamos, para nós mesmos. O mundo passa a 100km/h e vemos como perdemos oportunidades de fazer o que é tão simples, tão barato e gratuito quanto ver o mundo por outro prisma, sair que não seja pelas demandas do trabalho, sair com os olhos puros, livres de qualquer filtro emocional para deixar sentir a beleza do encontro de dois rios. Mesmo a contar as mais de 10 vezes ter passado sobre aquela ponte, foi ver que ali, dois rios de águas matizadas de pigmento distinto se juntam, formam o que conhecemos de um rio que, cerca de 100km adiante vemos com frequência diária passar por nossa cidade e, até então, sequer nos demos conta desta união que somatiza o volume de suas águas tal como conhecíamos.

O exemplo acima nos cabe, muito bem, para determinar que, não são apenas nos preceitos internos do nosso ser que tocamos quando deixamos por nossos horizontes os olhos e a mente brincarem, mas também para o dado conhecimento de nossa própria terra, qual desconsideramos e deixamos de valorizar, viver em um dos melhores lugares do mundo que podemos chamar de nosso Estado. Mas o fato que, jamais valorizamos o que é nosso e que sempre nos pertenceu, é motivo para outra fábula que podemos efabular em uma nova patranha - que de tanto, preservo a identidade e o direito da alusão que se dá ao ampliarmos qualquer verdade que seja.


Ao que toca o desfecho desta ilíada constituída no entorno de um passeio, justamente buscava mostrar a importância do envolvimento social, onde, parte do sucesso desta empreitada é responsabilidade do coletivo quanto motociclistas que direcionam e aceitam o comando de uma unidade que contempla liderança. Liderança que se vê expressada de forma muito aparente em cada integrante do grupo que, com humildade, entende o momento em que deve silenciar e conduzir e, por outro lado, o momento onde deve indicar o caminho, dar seu aviso no compromisso pela sucessiva vitória do coletivo.

Eu encerro esta narrativa pormenorizando aspectos do meio que impediram que alcançássemos a perfeição de todos os aspectos onde houveram expectativas inatingíveis por qualquer que tenha sido o mote, me valendo do simples e humilde desenrolar de que, após mostrar para alguns algo novo, vimos, amigos que já atravessaram o caminho, paisagens que jamais havíamos verificado mesmo com diversas passagens por estes trajetos.


Ao me despedir, por que não, indicar meus agradecimentos ao grupo que possibilitou, tornou real, empenhou seu tempo, atenção e interesse de presentear-me com a companhia na estrada, nas paradas, nas boas risadas e de todos os momentos que compuseram o que de infame e tendenciosa maneira exponho aqui.

Abstrato.

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