quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Espelhos repletos de um vazio


-No momento em que vê tuas pupilas, 
perceberá a profundidade das suas cores-

O privilégio do ser humano é o livre arbítrio. A capacidade de decidir por si mesmo, ser independente e fugaz. Caracterizar um personagem que indeferi da sua real condição ínfima e pobre. Esta que arrasta-se entre os cantos da própria vida e não pode ser mais do que simplesmente, a poeira que navega vazia e seca de acordo com a maré do vento. O trivial que um ser humano carrega na sua rotina, não confere a riqueza de um mundo que deixa de perceber na realidade da sua míngua. 

"O mundo pertence a quem se atreve, 
e a vida é muito para ser insignificante".
Charles Chaplin.

Caso houvesse significado naquilo que compõe um discurso, haveria possibilidade de considerar urgência na compreensão, na clarividência, se não fossem apenas palavras vazias. Vejo como banal o momento em que as pessoas vendem o seu tempo de maneira barata, quando sim, rebaixam-se ao limite do mundo e não respeitam-se em face da própria compreensão.

Eu vejo discursos disconectos daquilo que compõe hoje aquilo que um indivíduo deseja no seu coração expressar, e poupa-se, deixa o desejo. Deixa o próprio conteúdo para igualar-se à maioria de forma a não destacar-se, não definir-se diferenciadamente de todos que o rodeiam e, nada demais criam, apenas imitam e igualam-se em proporção, a contentarem-se com o simples e óbvio.

Eu vejo a corriqueira sinergia dos mais simples momentos em que contemplamos um espelho pessoal, visualizando o quanto somos insípidos e sem sal, corretos e retos, num momento simples em que, sem que haja possibilidade de estarmos no altar de um momento maior, vivem simplesmente em um mundo incoerente, desassistido de qualquer possibilidade e vivendo aquela racionalidade comum, típica da preguiça mental em formalizar um conceito e conteúdo sobre qualquer tema.

Em um mundo repleto de usualismo, é cada vez mais difícil ser diferente e ter em mente o desafio de viver autenticidade, expressar sentimento e fazer valer os 7% do cérebro humano que carrega para processar o óbvio. E assim vemos uma legião de pessoas que caminham em círculos, sem qualquer definição de rumo, seguindo tendências, passando por sobre sentimentos e mesmo de suas próprias convicções para simplesmente, receberem a aceitação de uma massa de iguais que regem de acordo com a formatação social estipulada por ícones que tem pensamento e criatividade.

O amor deixou de ditar uma linha de ação e reação, deixou de ser uma premissa para as vidas e é usado apenas como status, criado e não sentido. Deixou de ser motivo de canções assim como não aquece mais um coração. Vidas plásticas e relacionamentos banais e fúteis que não mais distinguem sentimento do simples apreço. Assim, as pessoas vão se tornando escravas do que é moda, do que está no auge ou em pauta... olham apenas para a passarela e não mais para o próprio espelho para ver-se autênticos e felizes. Trabalham de maneira a conquistar o que o mercado oferece e não mais, naquilo que pode melhorar e compor as suas vidas realmente.

Trôpegos, vamos sem noção, na reação automática do reflexo do desejo de ter, conquistar, possuir e ostentar, de tal maneira que não se vê mais uma pessoa e sim, uma quadrilha de soldados socialmente adestrados, uniformizados e irracionalmente falando e ouvindo as mesmas coisas sem qualquer intensão de melhorar ou evoluir.

Das frias reações, reclamo, sim, ver tamanha falsidade, ver traição - ou o desejo de trair - pela falta de amor ou desejo - tendo como fraude, a impersonalização do amor e a liberdade mal administrada entre pessoas que não mais entendem o modelo de respeito que deveria ser até hoje, o motivo principal de suas vidas. E vivem rodeados de cachos e ganchos, rabos e penduricalhos que os impedem de amar verdadeiramente a uma pessoa ou mesmo, simplesmente, respeitá-la.




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