-A discórdia da relevância-
Se hoje existe uma moeda corrente capaz de dimensionar o que seria correto e adequado, e se temos por conseguinte, instruções de como mensurar o valor de um esforço ou de qualquer bem materializado ou mesmo o fruto da terra que por você tenha sido plantado e regado para chegar a certo resultado. O interessante quando percebemos o valor de alguma coisa, creio que seja a surpresa e a descoberta de um outro modo de ver algo simples, descobrindo que sim, há valor! Porém para chegarmos a este preceito, é preciso sensibilidade e um olho que não esteja viciado, cego nas coisas comuns que acabam por nos tornar assim... desacreditados das coisas simples da nossa vida.
E sigo questionando qual o valor de um determinado objeto, visto que não podemos tratar ou aceitar que se tratem apenas de bens materiais ou valores em cédulas que por convenção, possuem um determinado valor. Fato é, que me choca pensar que existe apenas o tangível, que estamos falando apenas do que é material e pelo ser humano pode ser tocado, de forma simples e desmerecidamente tática. Já que, se alguém em seu demérito acabou por falta de conhecimento taxar irrelevante algo, não estudou ou pensou o que ocorreu para que, um pequeno gesto ou material foi trabalhado e empenhado em esforço para tornar-se real e prático... Nada pode ser assim tão simples, natural ou de forma irrelevante como pensamos e tratamos as coisas. Comparamos de maneira errada que madeira vale menos que pedra devido a sua concepção molecular, da mesma forma não podemos valorar algo que não esteja inserido em um contexto, como sofás postos fora por deixarem de ser confortáveis.... ora, se este sofá não é para você confortável, o que dizer daquele que senta sobre tocos de madeira ou na calçada fria de uma rua? O ponto de vista e nossas experiências, acabam sempre por atrapalhar a nossa visibilidade sob qualquer ponto de vista. E não se trata de um valor simples de um presente, nem mesmo de um prático cálculo monetário que nos dará uma noção clara do valor de uma coisa. Como os carros velhos, carros velhos e antigos, nada econômicos, nada práticos e repletos de defeitos, mas o amor que pode estar naquele objeto, pode o transformar monetariamente pelo simples fato de valer para alguém, por sua história ou pelas páginas da vida que tenha ele feito parte neste decorrer de uma vida.
É preciso ter sensibilidade para perceber certos valores e não simplesmente avaliá-los de acordo com o que conhecemos daquilo e em razão do que nos conhecemos como comum. Um olho treinado pode ver muito mais do que imaginamos, pode estar dentro de nosso coração, a beleza com a qual pintamos nosso dia a dia e tudo que vemos em nosso dia-a-dia. Treinar a audição, ouvir o que parece ser simples rotina, criar um modelo imparcial para dar ouvidos às pessoas que nos rodeiam e no que elas possam estar nos informando, quando pensamos estar apenas dando atenção por educação, àquele que precisa muito mais do que a compreensão lógica, mas sim, precisa da atenção e da nossa compreensão sobre o que nos torna diferentes enquanto ouvintes.
Já dei uma pedra de presente a um amigo, quando o visitei. Uma pedra pequena, nada rara ou considerada especial, uma pedra que achei no chão, num momento e em certo lugar onde lembrei deste. E por por sua surpresa, creio que houvera entendido o motivo pelo qual aquela pedra estava ali, o que representava além de um sedimento formado através de milênios de transformações, representava como numa película externa, que fora lembrado mesmo quando não presente ou envolvido por qualquer sorte no contexto desta aquisição. Acredito que materiais simples e irrelevantes assim, carregam neste momento, uma carga de positividade que, não há como negarmos sua importância e relevância. Neste momento penso no quanto é importante ser lembrado, receber essa promoção quando ao reconhecimento da importância que temos para outra pessoa.
Nossa rotina é repleta de pequenos presentes que consideramos irrelevantes, seja uma informação que pedimos, seja a taça de café que nos é alcançada gratuitamente por um amigo ou mesmo, a companhia agradável e positiva que nos traz das trevas de viciosos pensamentos ruins para um mundo cheio de cores que acabam por despir nossos dentes em sorrisos espontâneos e agradáveis.
O reconhecimento deste valor se dá naturalmente, variando de pessoa para pessoa, porém é importante sim, falar, dizer o que sentimos por outras pessoas, seja a amizade, a raiva ou o amor. Digo isso por saber que o pior sentimento é justamente não saber o que somos, até onde podemos ir e o que é esperado das outras pessoas, falar dá por fim, liberdade e clareza à relação por mais intensa ou simples que seja.
Responder é necessário também, pois quando recebemos um presente, quando recebemos informação ou qualquer intensão vinda de alguém, é imprescindível que também respondamos, pois quem se expressa, por vezes, espera por um obrigado, espera por receber a descrição e definição dos seus sentimentos relacionados a surpresa e a beleza de ter recebido um feedback, um presente assim.
Nosso maior valor não está no que possuímos, a não ser por nossos sentimentos, não está no material ou no financeiro. Portanto guarde e valorize sentimentos, dê tudo que não faz parte do que precisa e serás mais leve, terás mais oportunidades de carregar coisas novas e ser feliz.
Nosso maior valor não está no que possuímos, a não ser por nossos sentimentos, não está no material ou no financeiro. Portanto guarde e valorize sentimentos, dê tudo que não faz parte do que precisa e serás mais leve, terás mais oportunidades de carregar coisas novas e ser feliz.