terça-feira, 25 de novembro de 2014

(...) conteúdo (...)

-Raro é o que carrega qualidade no seu conteúdo, não na sua aparência-

Como declarado explorador do antigo, preservador do que faz parte da história, na complexidade de qualquer peça capaz de contar sobre a evolução tecnológica, humana ou simplesmente pluricelular, carrego a curiosidade para buscar a essência, corroer em detalhes as mentes, objetos e fatos para encontrar explicação ou a origem. Ver passar o filme dos acontecimentos que trouxeram à realidade, exatamente na figura que hoje conhecemos mesmo com o desgaste, as manchas, cicatrizes e dores que cada um carrega e acumula com o passar do tempo e no contar da história.

Fonte: http://houdiniprods.blogspot.com.br/
Seria humilde e justo conceder oportunidade ao expectador, interpretar os gestos sem fala, causar sentimento sem sangue, tocar a alma sem rasgar a carne e escrever um livro sem borrar o papel. Permitir a visita do autor que irá escrever a sua história aos olhos das próprias experiências e conceder permissão para ser diluído em formato elegante - desde que, para isso, deixe pingar o suco do seu conhecimento, exprima as pérolas dos sentimentos que carrega no leque das tuas experiências traduzidas em conceitos.

É nativo o desejo da descoberta nas pessoas e nos animais, e não adianta queimar a mão, queremos descobrir e entender a essência do fogo e a sua natureza, composição e forma. Somos curiosos, somos pesquisadores do que nos for apresentado e, de acordo com nossas aptidões, encontraremos exatamente o que nos levará ao destino de criar formas de desvendar, pessoas, histórias e coisas. E como é bom conhecer e descobrir a cada dia mais sobre o que nos pode contar um carro antigo! Uma cicatriz no muro que divide a ignorância da pureza em sabedoria, ou mesmo o que levou a formar pedras que encontramos no caminho. E, mesmo quando o saber é decepcionante, mesmo quando deixamos de lado o conforto da ignorância para nos depararmos com o fantasma da verdade, é este o doce gosto da descoberta, que nos liberta da escuridão da deprimente ignorância do desconhecimento.

Não por isso, podemos considerar ser fácil, ou comum encontrar em algo, o conteúdo e a forma que gostaríamos ou esperamos na expectativa que nos leva a estudar algo. Na verdade, o que nos completa é justamente aquilo que não vemos... 

"Assim como o miolo do pão, o vermelho da melancia ou centro da terra, o que cada ser humano tem como meta é alcançar o mais interno, profundo e vital do conteúdo, o mais distante planeta ou simplesmente, conhecer as pessoas para poder aprender a não decepcionar-se.

Havia escrito isso naquele papel que fica ao lado da cama e que sempre recebe ou um pensamento perdido ou um pedaço de bolo. Mas enfim, é correto afirmar como decepcionante é abrir a lenhosa e sofrível casca de uma noz e encontrar seu interior vazio ou com uma semente podre... tal decepção em razão da nossa expectativa, vem similar e sibilar aos meus ouvidos, sempre que, de uma pessoa decai em mim por decepção, na sua incapacidade de surpreender-me com seus gestos ou ações. Adicionado, tenho certeza de que isso ocorre contigo que agora lê esse texto, buscando algum tipo de esclarecimento ou satisfação que sou incapaz de lhe entregar.

Mas nem tudo está perdido, poderemos sempre mudar, temos a capacidade de aprender e repassar conhecimento à prole, fazendo prosseguir o caminho do saber na evolução do conteúdo primário, capaz de elevá-lo à condição do auto aprendizado. Porém, é na dramática preguiça das pessoas que vejo escorrer as oportunidades do aprender e evoluir, pois é cômodo e confortável a mesmice, o idêntico trajeto para o trabalho, o cabelo sempre penteado para o mesmo lado, dividido no mesmo ponto da cabeça vazia, gaseificada pela rotina do consumo do plástico novo e sem história, nos potes vazios de séries intermináveis que o acorrentam e lhes retiram a razão do existir. Tá parei!

Infelizmente, não é possível - ainda - a transferência sensorial do saber e, não obrigatório é o interesse, mas o homem (como ser humano racional), apenas conhecerá a si mesmo, quando aprender a olhar para o túnel do tempo de sua própria história e buscar a sua origem, ser transigente para o entender como se deu a própria evolução para que possa continuar aprendendo e evoluindo. Imediatamente quando parou de pensar, quando pensou tudo saber, tornando-se mais um rastejante escravo das pastilhas de futilidade vendidas pela mídia.

Quero sugerir o conhecer mais e assim, que todos buscassem conteúdo nas formas, compreensão no interpretar de uma figura que lhe pareça agradável e interessante. Não vivemos dos olhos apenas, não nos alimentamos através da visão, e, este, é na verdade apenas o primeiro contato para que possamos a partir do interesse, descobrir e dar valor a algo que nos pode irromper em surpresa - pela possibilidade de encontrar dentro da petrificada casca de moluscos bivalves, a mais linda pérola do conteúdo.


Abstrato.

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