O que se tem para mostrar?
Os espelhos mentem,
seus olhos mentem e você acredita...
Os dias passam e mesmo que suas rugas aumentem,
você não as consegue ver...
Seca veias e irriga a pele, descolori e pinta novamente, luta com todas as armas químicas. Seu corpo resiste, mas você permanece não vendo que tudo mudou, um dia acordarás com outros olhos, verá que o sol perdeu sua cor, sua cama é de madeira e lhe envolve, são flanelas brancas. Sua voz não pode ser ouvida... Sua pele é como um pêssego... lindo... Onde foram parar aquelas piadas? Entre goles de vinho e saudade... Escurece os olhos e clareia dentes...
É...
No passado eu teria medo deste resultado... Mas o demônio não habita mais as mentes humanas. Tudo é permitido desde que nos traga prazer... E a vida passa... e eu penso, insisto em continuar... pensando... Hoje estive pensado na vida, esta bandida que nos consome, no palco da auto-apreciação, vivemos em intensa solidão, falar de nós mesmos é frio. Olhar para dentro da alma e ver... Há vagas... E você não confere um novo olhar à sua volta. Escora-se em suas atividades, procura ver novamente a Lua, mesmo que não mais ela consiga iluminar, aquela alma perdida que habitara seu peito. Vai ao longo do caminho percebendo ondas, variáveis que te levarão para o mar. Aquele mesmo ambiente que te consome, confere que fomos perfeitos. Vais ao longo do teu caminho, buscando as luzes que não mais te iluminarão. Onde foi que o ser humano deixou seu tato? Aquela propriedade que o fazia sentir... Ver além das manchas de suas flanelas... O meu ambiente me dá importantes informações... As pessoas não lêem, as pessoas não mudam e, ainda, as pessoas não respiram mais... as tubulações que as mantém, nada mais tem a deteriorar, consumidas pela frieza do toque, da nobreza de suas conferências... E sabes ainda, porém não vê, deixaste um mundo real para trás e agora, chora... chora de saudades de quando foste alguém.
Quando foste vivo.
Abstrato.