sábado, 19 de abril de 2008

Esmola - A palavra da Vergonha

Esmola - A palavra da Vergonha


Esmola, do Latin eleemosyna < Gr. eleemosýne, compaixão;

-o que se dá aos pobres por caridade;

-pensão, benefício;

-subsídio.

Vários termos para justificar um ato...

Verifico que hoje, na nossa sociedade pintada pela diferença de valores, rendas e conceitos, esses termos podem variar muito e, mesmo o substantivo tornar-se conjugado a verbo (esmolar) assim que mudamos o prisma de nossa visão... ao exemplificar, digo que, um local para diversão sadia, onde os jovens possam reunir-se com segurança, longe da marginalidade das ruas e dos julgamentos errôneos de pessoas que não mais compartilham do mesmo divertimento ou distração, seria uma esmola daqueles que poderiam, com um pouco mais de interesse, oferecer esta “esmola” ao jovens desta cidade e não ter que carregar uma culpa comunitária pelos tantos que se perdem em vícios escusos por não terem tido na sua adolescência, uma escolha sadia de divertimento e integração.

Seria a um pequeno empresário uma “esmola” uma baixa nas taxas de juros para empréstimos que gerariam mais empregos e o direto crescimento da produção local, seria “esmola” para os cidadãos, um preço justo pelo combustível de que precisam para trabalhar, agora, no país “auto-suficiente” na produção de petróleo, ainda assim pagamos mais “esmola por litro” do que nossos visinhos menos afortunados que não têm esse título de auto-suficiência fajuto.

Há ainda, muitos exemplos de “esmola”, na educação, religião, no amor, na sociedade e na religião.

Vejo que cada um defende a “esmola” que lhe convém, mas não há consenso e por tal empáfia, cada um busca subir mais rápido não importando quais almas que ficariam para trás.

Existe uma cultura pós-64 que vem abafando o grito da boca de um povo que não tem mais a coragem de exigir o que lhe é de direito, dignidade, que se perde ao pedirmos a esmola de um melhor salário, quando não fizemos greve frente a vergonha das leis que nos são impostas. Sei da necessidade de cada um, necessidade que aumenta inversamente proporcional a “esmola” que nos é dada a cada mês.

Esmola de verdade demos nós a cada cheque preenchido, esmola demos a cada pedágio que pagamos pela incompetência de governos de administrar o imposto que já pagamos para rodar nas estradas. E mais esmolas damos ao calarmos, ao ver tudo isso passar aos nossos olhos e nada fazemos para merecermos a atenção daqueles que decidem o preço da nossa esmola.

Ao passar por um cidadão que não tem mais nem a coragem de olhar-nos aos olhos para pedir 5 centavos para comer, não pense que sua culpa se exime ao dar-lhe o valor que resta de sua dignidade, pense no que mais pode fazer com seu potencial profissional que, vendes barato, para que não mais tenha que constranger-te frente àqueles que desta partilham ao ter que pedir-te tão pouco enquanto reclamas do alto de teu pedestal.



Se soubesse eu um pouco de todas as coisas, fácil seria explicar, dar um sentido ao termo, se pudesse eu remover a vergonha dos olhos daqueles que dela precisam para viver, poderia então julgar, poderia então compor outro poema que não a maldade humana contra si próprio...




Dênis Caberlon.

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