quinta-feira, 4 de junho de 2020

Um sopro de emoção

Quando a alma sai pela boca

Ao cerrar dos olhos
as emoções vêm aos poros
o coração acelera.
O sorriso vem natural e
espontaneamente aos lábios.

Quando ele cerra os olhos profunda e fortemente, inspira o ar de seus pulmões como se em um mergulho profundo estivesse ao precipício de jogar-se. A luz reta derrama o drama no olhar atento da platéia que aguarda o primeiro harmônico. O Toque suave das palhetas em sintonia com o martelo de cada ouvido atento. A banda singela, reverencia com o seu silêncio o momento em que, no intervalo de uma Clave de Sol, soa linear e perfeita a harmônica em notas loucas de lábios que beijam uma gaita em disfunção com o soprar e inspirar daquele que a empunha com amor e respeito, reverenciando as origens do blues, na música popular, até mesmo, a música clássica que advinha o instrumento.

Ouço cacos de alma em toda entonação, seja o tom escolhido pela banda, onde o músico dedica ao seu próprio prazer, o solo pentatônico de emoções que interferem na razão daqueles que o escutam. O momento em que a técnica inexiste, fala o feeling, o sentimento sim! Afinal de contas, o instrumento por si, não toca, não tem vibratto, não é capaz de criar um bend ou simplesmente emitir qualquer som, sem a influência direta daquele que a acolhe no ninho perfeito e acústico de suas mãos, soprando dedicada, cada uma das palhetas que cantam por sua boca, através de vias definidas por notas musicais.

Blues Traveller, Bob Dylan, Neil Young, Eddie Vedder, Canned Heat, Stevie Wonder e tantos outros que provaram do doce veneno da musa do sôfrego sentido do desejo. Todos tomados em suas canções mais improváveis, sensualmente sórdidas ou por conseguinte, a reunião de todos os desejos jamais realizados. Como objeto de substituição usado por Freud em suas teorias, amam uma harmônica em razão de todos os lábios jamais tocados.

Antes de qualquer julgamento ou desilusão que lhe caia neste momento nas têmporas, lembro que este é um referido particular do que consome as vísceras do músico que deleita-se ao tocar de uma gaita, ou ainda, àquele que, diante de sua insuficiência musical, vibra ao tocar do mesmo, pensando imaginar se possível que um ser humano consegue "tirar" tal compreensão sonora de um instrumento tão básico e ancestral que não houvera mudado com o passar dos séculos, desde que, foi concebido pelas hábeis mãos dos relojoeiros lá por 1820 e poucos.

Por fim, e, não menos importante, deixo aqui meu especial abraço à Karina Faria, radialista, comunicadora da Solaris Play que, lá da pequena Antônio Prado - RS, leva o Rock'n'roll  aos ouvidos atentos de seus ouvintes, traz para o presente, o rock do passado, e valoriza a expressão musical, o apoio incondicional e toda forma de expressão do bem. Líder de uma orquestra de fãs e pessoas que colaboram espontaneamente com as pautas mais lúdicas e simbólicas que já vi, ganha a todos com seu carisma, a humildade com que cuida para que essa sensível vela chamada rock, não se apague com a força dos ventos do tempo.

Vida longa ao rock'n'roll e todas as ferramentas que o mantém vivo!


Abstrato.

Páginas do Blog